Por Nikkei — Taipé (Taiwan), Hong Kong e Chongqing (China)
07/09/2022 14h51 Atualizado há 16 horas
A cidade chinesa de Chengdu, centro de produção de iPads e MacBooks da Apple, estendeu por tempo indeterminado um lockdown para conter um surto de covid-19, ameaçando provocar novas rupturas à cadeia de suprimentos global.
Capital da província de Sichuan, Chengdu é a maior cidade da China a entrar em lockdown desde que Xangai ficou fechada por dois meses no início do ano.
O lockdown, imposto há uma semana, estava originalmente programado para terminar ontem. Mas Chengdu reportou 121 novos casos de covid, acima dos 90 casos de segunda-feira. As autoridades prometeram “reduzir o número de casos a zero” em uma semana.
A continuidade das medidas restritivas contra a covid-19 ocorre justamente quando as fábricas locais se recuperavam de uma recente onda de blecautes programados para economizar energia em virtude das severas secas no sudoeste da China.
O governo de Chengdu disse que ajustará as medidas de prevenção da covid-19 “de acordo” com a evolução da pandemia.
Apenas a infraestrutura essencial relacionada ao fornecimento de água, eletricidade, petróleo, gás e comunicações, bem como suprimentos de alimentos e fábricas que atendam aos requisitos das autoridades, podem continuar operando, informou o governo de Chengdu.
Residentes em áreas de “alto risco” não podem sair de suas casas, enquanto residentes em áreas de “médio risco” não podem deixar seus complexos residenciais.
A cidade de Chengdu, com uma população de mais de 20 milhões de pessoas, realizará duas novas rodadas de testes em massa nesta sexta e no domingo. As aulas presenciais nas escolas, incluindo os jardins de infância, estão suspensas, os alunos terão de assistir as aulas de forma on-line.
Fornecedores em Shenzhen, outro centro de tecnologia, já enfrentam escassez de funcionários causada pelas restrições da covid-19. Não há indicação de fim das restrições por enquanto.
A Foxconn e a Jabil, duas grandes fornecedoras da Apple, mantêm as operações de suas instalações em Chengdu sob regime de “circuito fechado”, que exige que os funcionários trabalhem e morem no local. O BOE Technology Group, fabricante de telas, está fazendo o mesmo, segundo fontes.
A opção de ciclo fechado está disponível apenas para fábricas na “lista branca” do governo, segundo uma fonte próxima ao governo local. Alguns fabricantes de telas tiveram que suspender a produção, pois não conseguiram atender ao requisito de serem incluídos nesta lista, disseram fontes.
Entre 30% e 50% da produção planejada da Foxconn e da Jabil nas instalações de Chengdu em agosto foram afetadas pelo racionamento de eletricidade no mês passado, disseram duas fontes.
“A nova rodada de lockdowns contra a covid pode trazer novas rupturas nos planos de produção… É realmente uma temporada turbulenta e estamos preocupados se o lockdown pode ser flexibilizado em breve”, disse uma das fontes.
Até terça-feira (06), 49 cidades em toda a China estavam sob alguma medida de restrição para conter surtos de covid-19, afetando cerca de 291,7 milhões de pessoas, segundo um levantamento da Nomura. As rígidas políticas de “covid zero” da China continuam a afetar as fábricas na segunda maior economia do mundo, depois que sua maior cidade, Xangai, foi submetida a um lockdown total por mais de dois meses no início deste ano.
Fonte: Valor Econômico

