Por Mariana Ribeiro — De São Paulo
30/05/2022 05h02 Atualizado há 41 minutos
Executivos de finanças estão menos otimistas com o futuro da economia brasileira. No primeiro trimestre, o índice de confiança do CFO (iCFO) ficou em 131,6 pontos, menor patamar desde o final de 2020, quando estava em 121,3 pontos. Custo dos insumos, demanda do mercado interno, competitividade e atuação da concorrência, custo de mão de obra e inflação foram os principais pontos de preocupação apontados pelos profissionais da área.
Os dados são de pesquisa trimestral realizada pelo Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças (Ibef) e pela Saint Paul Escola de Negócios. A edição mais recente, antecipada ao Valor, mostra que houve queda na confiança dos executivos nas três dimensões analisadas: macroeconomia, setor e empresa de atuação.
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José Cláudio Securato, presidente do conselho administrativo do Ibef-SP e CEO da Saint Paul & LIT, explica que os dados refletem uma preocupação de curto prazo dos executivos, acentuada por fatores como a guerra na Ucrânia, desaceleração do crescimento na China e cenário eleitoral no país. Ele pontua, no entanto, que o índice permanece em um patamar histórico relativamente alto e que a visão dos executivos sobre investimentos futuros, por exemplo, indica uma perspectiva melhor de médio e longo prazos.
O iCFO tem como objetivo captar a confiança dos CFOs quanto ao desempenho do país e dos negócios nos próximos 12 meses. A escala vai de 20 a 180 pontos, sendo 100 o nível que representa a neutralidade das expectativas. Assim, o resultado mostra que os executivos permanecem positivos em relação à economia, embora esse patamar esteja em queda.
Logo no início da pandemia, o índice caiu de 132,8 pontos, no final de 2019, para 121,3 no primeiro trimestre de 2020 e 89,5 no segundo. Depois, entrou em trajetória de recuperação e, no segundo trimestre do ano passado, atingiu 144,1 pontos, nível mais alto da série histórica, iniciada em 2016. Nos últimos trimestres, no entanto, voltou a cair. “De forma geral, voltamos ao patamar pré-pandemia”, observa Securato.
O índice é dividido em três componentes. O iCFOm, que mede a confiança em relação à macroeconomia, foi a área de maior volatilidade ao longo da série histórica. Nos primeiros três meses deste ano, refletindo a instabilidade do cenário econômico, chegou a 122,5 pontos, queda de 3,9 pontos em relação ao trimestre passado. Os resultados do iCFOs, que se refere ao setor, e do iCFOe, referente à empresa, também caíram, para 138,7 e 133,4 pontos, respectivamente.
Securato destaca que, enquanto o índice de confiança em si ilustra a preocupação dos empresários no curto prazo, as informações sobre investimentos e funding revelam uma visão mais otimista em relação ao futuro.
“A perspectiva de investimento está focada em áreas como ampliação de capacidade instalada, novas linhas ou unidades de negócios, fusões e aquisições. Não são itens que vão gerar resultados de curto prazo, então há uma visão de que no médio e no longo prazo essas empresas continuam acreditando no Brasil”, afirma. Em relação ao destino dos investimentos previstos para os próximos 12 meses, a área mais lembrada pelos profissionais foi a de ampliação da capacidade instalada, citada por 26% dos respondentes.
Já quando considerada a origem de recursos para o financiamento dos investimentos, as primeiras posições são ocupadas por recursos em caixa, opção citada por 30,5% dos participantes, e reinvestimentos de lucros, lembrada por 23,2%. “A forma de captação de recursos dessas empresas não depende do cenário que a gente está vivendo”, diz o executivo.
Mas o menor otimismo está refletido nas perspectivas de rentabilidade e lucratividade para os próximos 12 meses. No último trimestre de 2021, 64,7% dos participantes esperavam aumento do Retorno sobre o Patrimônio Líquido, percentual que caiu para 56,4%. As expectativas de alta da margem Ebitda passaram de 74% para 67,5%. Além disso, 61,8% dos respondentes têm expectativas de aumento do custo do endividamento para os próximos 12 meses.
A pesquisa também traz projeções para parâmetros macroeconômicos. Na média, os executivos esperam que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) fique em 8,3% neste ano. Para o Produto Interno Bruto (PIB), os profissionais esperam alta de 1,5%. As expectativas médias para o dólar ficaram em R$ 5,32 e para a taxa básica de juros, em 12,3%.
Fonte: Valor Econômico

