Farmacêutica brasileira que tem como principal acionista a Principia Capital Partners, segue firme na execução da estratégia de crescimento acelerado
Por Stella Fontes, Valor — São Paulo
30/07/2023 10h02 Atualizado há 4 horas
A Cellera Farma, farmacêutica brasileira que tem como principal acionista a Principia Capital Partners, segue firme na execução da estratégia de crescimento acelerado dos negócios e de portfólio, com foco no plano de realizar uma oferta pública inicial de ações (IPO, na sigla em inglês) em dois ou três anos.
O caminho até a transação almejada tem sido pavimentado por parcerias com multinacionais, como a suíça Ferring, e pela aquisição de marcas consolidadas, que foram inovadoras em seus mercados e se tornaram referência. Essa estratégia já garantiu um salto no faturamento líquido, de R$ 60 milhões em 2017 para R$ 412 milhões no ano passado, chegando aos cerca de R$ 500 milhões estimados para 2023.
O movimento mais recente da Cellera, que também tem como sócio e presidente o empresário Omilton Visconde Júnior, foi a aquisição da marca Tylex, da Janssen, farmacêutica da Johnson & Johnson, por R$ 60 milhões. O opioide de baixa intensidade começou a ser produzido neste mês na fábrica da farmacêutica em Indaiatuba (SP).
“Mesmo sem promoção nos últimos anos, o Tylex tem uma participação de mercado importante. A Cellera vai continuar olhando marcas bem construídas, que ainda têm expressão no mercado e, com a volta da promoção, dão mais resultados”, disse Omilton.
Pouco antes de sacramentar a mais recente aquisição, a Cellera já havia firmado uma nova parceria com a Medley, para promoção e distribuição de medicamentos da divisão da de negócios da Sanofi. Desde junho, a empresa assumiu essa tarefa para o Alenthus (para tratar depressão e ansiedade), Baristar (suplemento vitamínico), Pyloripac (para tratamento de úlceras) e Prazol (esofagite e refluxo).
Conforme Omilton, esses dois movimentos devem começar a contribuir para as receitas no segundo semestre e ajudar a Cellera a marcar os R$ 600 milhões em receita líquida em 2024. Além disso, consolidaram a farmacêutica em quatro mercados: gastroenterologia, neurologia, ortopedia e psiquiatria.
O próximo passo deve ser crescer em pediatria e em cardiovascular. Neste último, há tratativas para uma potencial parceria ou aquisição. Na pediatria, contou o empresário, o plano é chegar ao mercado de zero a 1 ano com o Culturelle, um probiótico que a farmacêutica já oferece para crianças maiores.
Os recursos usados na compra do Tylex e que vão financiar novos projetos de crescimento vieram de um aporte de capital, de R$ 200 milhões, no início deste ano.
Apesar do foco no IPO, que abriria uma porta de saída aos sócios, a Cellera também está aberta a avaliar eventuais oportunidades de fusão e aquisição (M&A). No ano passado, uma farmacêutica estrangeira, sem presença no Brasil, chegou a iniciar tratativas para uma potencial transação, mas as negociações não prosperaram.
Cumprindo seu último mandato à frente do Sindicato da Indústria de Produtos Farmacêuticos (Sindusfarma), Omilton elogia a atuação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), em particular durante a pandemia de covid-19 — “entendeu o momento e não abriu mão da ciência” — e defende a manutenção de sua independência, assim como a das demais agências reguladoras no país. “A única crítica que faço é que a Anvisa, por falta de braço, não consegue ter uma fiscalização mais efetiva”, afirmou.
A aprovação da reforma tributária, por sua vez, foi bem recebida pelo setor. Hoje, enquanto a carga de impostos incidente sobre os medicamentos chega a 36% no país, a média mundial está na casa de 6%. As estimativas iniciais indicam que, com a reforma, a tributação pode recuar a 14%. “Se cai a carga tributária, cai o preço do remédio e o acesso é ampliado”, ressaltou.
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Omilton Visconde Junior, criador e vendedor de empresas do setor farmacêutico. — Foto: valor
Fonte: Valor Econômico