Por que Covid-19 ainda mata tanta gente no Brasil?

Dados do Ministério da Saúde mostram que os casos tiveram um aumento de 80% em relação a mesma época do ano em 2023.

Entre especialistas que seguem na linha de frente do combate à doença, um dos consensos é que, no médio prazo, o Brasil seguirá com um volume de mortes por Covid-19 parecido ao de agora, embora por motivos diferentes do período mais crítico.

Ralcyon Teixeira, que está à frente de um dos principais centros de infectologia da América Latina, observa que os óbitos estão se concentrando em grupos clinicamente mais vulneráveis da população, assim como foi nos primeiros meses da pandemia.

“É difícil que alguém contraia a Covid-19 e morra puramente por causa dela hoje”, afirma Teixeira. “O que está acontecendo é uma descompensação de doenças crônicas que os pacientes já possuíam antes de serem infectados pelo vírus. Daí, o que ele faz é intensificar essa base, e as pessoas vão a óbito.”

Entre essas complicações, estão a diabetes, que atinge 7% da população brasileira, e doenças cardiovasculares, que afetam cerca 14 milhões de pessoas pelo país, segundo dados recentes do Ministério da Saúde.

Para Ralcyon Teixeira, do Emílio Ribas, outro motivo que ajuda a entender por que a Covid-19 ainda vitima tanta gente é a desinformação —tanto da maioria da população quanto dos próprios profissionais de saúde.

De um lado, na análise dele, falta conhecimento público sobre os medicamentos já disponíveis em farmácias ou até oferecidos gratuitamente em dispositivos do Sistema Único de Saúde (SUS) para tratar a doença.

É o caso do Paxlovid, elaborado pela americana Pfizer e aprovado na metade de 2022 pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) para venda no país. De outro, ele vê que muitos médicos ainda não têm lançado mão dessas alternativas quando atendem pessoas infectadas.

Outro consenso entre os especialistas são as brechas na vacinação. Hoje, o Brasil tem perto de 82% da população imunizada com as duas primeiras doses das vacinas monovalentes – um universo de 167 milhões de pessoas.

Metade do país (53%) está totalmente coberta pelos reforços disponíveis. Mas a baixíssima adesão à vacina bivalente, que foi aplicada em cerca de 16% dos brasileiros (33,3 milhões de doses) é o ponto considerado mais alarmante.

“Significa que pouquíssima gente está protegida contra as novas cepas circulantes, oriundas da ômicron, já que as vacinas monovalentes carregam apenas cepas antigas”, explica Dalcolmo.

Brasil se aproxima da autossuficiência na produção de insulina

O início da operação de uma nova fábrica, em Nova Lima (MG), vai colocar o Brasil mais perto da autossuficiência na produção de insulina. A unidade da Biomm, que acaba de receber sinal verde da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) e um novo aporte de investidores, estima produzir, já neste ano, cerca de 10 milhões de frascos e seringas do biomedicamento. Mas poderá chegar a até 40 milhões, em plena operação. O volume é suficiente para que atenda sozinha a 80% da demanda nacional.

Debêntures têm rali após mudança em título isento

Na esteira do rali das debêntures incentivadas (com isenção de Imposto de Renda), causado pelas restrições do Conselho Monetário Nacional (CMN) às emissões de certificados e letras de crédito imobiliário e do agronegócio (CRIs, CRAs, LCIs, LCAs e LIGs), outra corrida começou. Para aproveitar a janela favorável, com alta demanda e taxas em baixa, empresas estão antecipando suas captações e já há casos de companhias que iam lançar debêntures comuns, por exemplo, e mudaram para as incentivadas. Em apenas 20 dias de fevereiro, Renato Otranto, chefe de estruturação do banco Daycoval, calcula que o volume de operações, incluindo os dois tipos de papel, já supera os R$ 20,7 bilhões de janeiro, períodos que costumam ser sazonalmente mais fracos, e prevê que o mês pode fechar com R$ 30 bilhões em emissões.

Se comparada a 2023, a alta é ainda mais significativa, já que nos primeiros dias do ano o mercado operava sob o baque do rombo da Americanas. Janeiro do ano passado ainda teve operações num total de R$ 26,6 bilhões, mas em fevereiro o volume se restringiu a R$ 16 bilhões. “O investidor está comprando o que vê pela frente na expectativa de os spreads [diferença entre taxas pagas pelos títulos e rendimentos das NTN-Bs equivalentes, que são referência no mercado de incentivadas] caírem mais”, diz Otranto.

Investir nos efeitos da quebra da patente do Ozempic depende deste ano-chave

Novo Nordisk perderá a licença para uso exclusivo da semaglutida no Brasil em breve.
A projeção indica que a movimentação nos setores marginais serão sentidos em cascata, a depender de uma série de fatores que, se cumpridos, resultam em benefícios ou malefícios para certas áreas. Sob esse aspecto, o varejo alimentar, a indústria de alimentos e cervejarias podem sentir impactos negativos; enquanto isso farmácias, varejo de vestuário e empresas que trabalham com bens aspiracionais (viagens, itens de luxo) podem se beneficiar.

Tudo isso, porém, parte do princípio da perda da patente. Só assim o medicamento seria barateado via produção de genéricos. “Se tudo o mais constante acontecer, o preço cair, o público-alvo expandir, estamos falando de algo a partir de 2027, com a queda da licença exclusiva, para começar a movimentar os outros setores”, diz Cunha.

Ozempic: Preço pode cair com perda da patente e virar setores pelo avesso

A popularidade do Ozempic (semaglutida) tem o potencial de impactar diversos setores na economia brasileira, de vestuário ao mercado de luxo, passando pelos alimentos — em especial os ultraprocessados —, nos próximos anos. Pelo menos, é isso o que diz o relatório da Ace Capital, ao qual o Valor teve acesso, e que analisa os efeitos de uma possível redução de preço da caneta injetável emagrecedora a partir da queda da patente do princípio ativo, prevista para 2026 no Brasil.

No Brasil, 20,3% dos brasileiros adultos eram obesos em 2019, com aumento observado tanto no sexo feminino quanto no masculino nos últimos anos, conforme o relatório do Sistema de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel) de 2023.

Em uma projeção da World Obesity Federation (Federação Mundial de Obesidade, em português), o Brasil deve ter 41% da população adulta com obesidade em 2035, caso os números continuem com a tendência atual. O impacto do sobrepeso no PIB nacional em 2035 será de 3%, considerando os gastos com assistência médica, podendo chegar a US$ 75,8 bilhões (cerca de R$ 375,4 bilhões no câmbio atual). A projeção considera que o PIB brasileiro será de US$ 2,54 trilhões naquele ano.

Ozempic: Impacto na economia brasileira revelado em novo relatório

demanda pela semaglutida é tão alta não só no Brasil, como ao redor do mundo, que o princípio ativo está na lista de drogas em falta mantida pela Food & Drug Administration (FDA), agência reguladora equivalente à Anvisa nos Estados Unidos.

No Brasil, hoje, uma caixa de Ozempic custa em torno de R$ 1.000 nas principais redes de varejo, mas o preço pode chegar a até R$ 1.280,87, conforme estabelecido pela Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (CMED), sendo que cada caixa dura aproximadamente um mês. O valor máximo do remédio é uma fatia de 90% do salário mínimo brasileiro, hoje em R$ 1.421.

Com a queda da patente, o dono dela, neste caso a farmacêutica Novo Nordisk, não tem mais o direito exclusivo de produzir o medicamento. Outros laboratórios, desde que autorizados pela Anvisa, podem passar a fabricar remédios genéricos, que chegam a custar até 50% do preço do fármaco de referência.

Mais baratos e, consequentemente, acessíveis a parcelas maiores da população, a expectativa dos analistas da Ace Capital é que o Ozempic e seus genéricos se tornem ainda mais populares no país.