O ressurgimento de vários patógenos respiratórios na China ocorre quando o país entra em seu primeiro inverno após a o abandono da rígida política de covid-zero
Por Bloomberg — Pequim
23/11/2023 17h52 Atualizado há 11 horas
A Organização Mundial da Saúde (OMS) pediu à China informações detalhadas sobre o aumento de doenças respiratórias em crianças, incluindo pneumonia, diante de informes de que os principais centros médicos pediátricos em todo o país estão sobrecarregados de pacientes. A OMS citou relatórios, incluindo um desta semana da ProMED, que rastreia surtos de doenças infecciosas em todo o mundo, alertando para uma “pneumonia não diagnosticada em crianças no norte da China”.
Porém, as autoridades de saúde chinesas responderam que não detectaram nenhum patógeno incomum ou novo e forneceram os dados solicitados sobre um aumento de doenças respiratórias e relatos de surtos de pneumonia em crianças, informou ontem a OMS. A resposta da China veio dentro da regra de 24 horas.
O ressurgimento de vários patógenos respiratórios na China ocorre quando o país entra em seu primeiro inverno após a o abandono da rígida política de covid-zero, e parece atingir especialmente as crianças. “Não está claro se isso está associado ao aumento geral de infecções respiratórias anteriormente relatado pelas autoridades chinesas, ou se são eventos separados”, disse a OMS.
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A mídia local relatou um aumento de infecções pelo patógeno chamado micoplasma entre crianças do jardim de infância e escolas primárias. Embora o germe tenda a causar apenas resfriados leves em crianças mais velhas e adultos com sistemas imunológicos robustos, crianças mais jovens tendem a desenvolver pneumonia, com sintomas que duram semanas.
Dados do Centro Chinês de Controle e Prevenção de Doenças também mostraram que a taxa de positividade para testes de gripe aumentou em ritmo constante em outubro, mesmo com as taxas de covid continuando a diminuir após um pequeno pico no verão.
O Hospital Chaoyang, de Pequim, o principal centro médico da China para doenças respiratórias, viu a taxa de positividade para teste de micoplasma entre crianças subir para 40% — em comparação com apenas 6% entre adultos —, disse o vice-diretor do hospital, Tong Zhaohui, em uma coletiva de imprensa na cidade na semana passada. O micoplasma tende a causar grandes surtos a cada três a sete anos, ele alertou.
A Comissão Nacional de Saúde, principal órgão regulador de saúde da China, está reforçando a capacidade das clínicas locais para tratar infecções e identificar doenças graves, na tentativa de aliviar a pressão sobre alguns dos principais hospitais, informou a agência estatal de notícias Xinhua na quinta-feira.
Já há mais pessoas usando máscaras nos trens movimentados de Pequim, enquanto os professores da cidade têm feito um apelo aos pais para que não enviem seus filhos à escola caso apresentem qualquer sintoma.
O que preocupa é o fato do antibiótico mais usados para tratar infecções por micoplasma enfrentar maior resistência a medicamentos na China em comparação com outros lugares do mundo. Cerca 60% a 70% dos casos em adultos e até 80% dos casos em crianças não respondem ao medicamento azitromicina e a outros da mesma classe de antibióticos, disse Yin Yudong, médico especialista em doenças infecciosas em Chaoyang, ao “Beijing News” no início deste mês.
Fonte: Valor Econômico