4 Aug 2023 MATHEUS PIOVESANA
O Bradesco encerrou o segundo trimestre do ano com lucro líquido recorrente de R$ 4,518 bilhões, o que representou uma queda de 35,8% em relação ao mesmo período de 2022. Ante o primeiro trimestre deste ano, porém, houve alta de 5,6%.
Já no acumulado do primeiro semestre, o ganho somou R$ 8,798 bilhões, 36,1% a menos do que nos seis primeiros meses do ano passado. Entre os dois períodos, o Bradesco observou um crescimento da inadimplência e das provisões, o que reduziu o resultado.
Analistas afirmam que, com mais de 100 milhões de clientes (de acordo com os dados mais recentes do Banco Central), o Bradesco tem maior exposição do que outros grandes bancos privados a operações com clientes de menor renda – que têm sofrido mais com o contexto de juros elevados. Com o aumento da inadimplência, o banco redirecionou esforços para empréstimos de menor risco a partir do segundo semestre do ano passado.
No segundo trimestre, o banco reservou R$ 10,316 bilhões para as chamadas provisões contra devedores duvidosos (PDD), alta de 94,2% em relação ao mesmo período do ano passado. Em três meses, houve crescimento de 8,4%.
O banco afirma que os efeitos do cenário econômico ainda se fizeram sentir no trimestre, com a menor capacidade dos clientes de pagarem dívidas. “Nos segmentos de pessoas físicas e micro, pequenas e médias empresas, houve concentração de perdas em safras mais antigas”, diz o banco, em informe divulgado ontem. “As novas safras já demonstram melhoras importantes na qualidade, em resposta às concessões mais restritivas nesses segmentos.”
ATRASOS. Já a inadimplência da carteira, medida por atrasos superiores a 90 dias, encerrou o segundo trimestre de 2023 em 5,9%. Houve alta de 2,4 pontos porcentuais, na comparação com o mesmo período do ano passado, e de 0,1 ponto em relação ao primeiro trimestre deste ano.
O banco afirma que os números começam a demonstrar uma desaceleração após alguns trimestres de crescimento. Em relação ao primeiro trimestre, o indicador foi puxado por um cliente específico do segmento de atacado, provavelmente a Americanas – o banco afirma que se trata de um caso totalmente provisionado.
No segmento de pessoas físicas, que vinha sendo o de deterioração mais acentuada, o índice foi de 6,7% da carteira no segundo trimestre, alta de 1,9 ponto em um ano. Mas esse número já representou queda de 0,1 ponto em três meses.
Entre as grandes empresas, o índice foi de 1,9% – alta de 1,8 ponto, em um ano, e de 0,6 em três meses. Sem o caso Americanas, o índice seria de 0,7%.
Fonte: O Estado de S. Paulo

