Por Gabriel Caldeira, Eduardo Magossi, Igor Sodré e Letícia Simionato — De São Paulo
17/05/2023 05h02 Atualizado há 4 horas
Investidores no exterior tomaram postura cautelosa ontem e se afastaram de ativos atrelados a um risco maior, enquanto aguardam sinais mais claros sobre as negociações para estender o teto da dívida dos EUA – que, até agora, não tiveram avanço significativo. Além disso, indicadores econômicos da China e da própria economia americana decepcionaram, reforçando a percepção de que a atividade global desacelera.
Em Nova York, o índice Dow Jones fechou em queda de 1,01%, a 33.012,14 pontos, o S&P 500 recuou 0,64%, a 4.109,90 pontos, e o Nasdaq teve baixa de 0,18%, a 12.343,05 pontos.
Na renda fixa, o juro da T-note de 2 anos fechou a sessão em alta a 4,080% e o da T-note de 10 anos subiu para 3,542%.
Após reunião com o presidente Joe Biden ontem – concluída após o fechamento do mercado acionário de Wall Street -, o presidente da Câmara dos EUA, Kevin McCarthy, disse que um acordo para elevar o teto da dívida americana pode ser costurado até o fim desta semana.
Ele, porém, não deu detalhes de como isso deve ocorrer e disse ainda estar “distante” de um acordo de fato.
Analista-sênior de mercados da Oanda, Edward Moya disse que o imbróglio aumenta a ansiedade dos investidores. “Wall Street está se preparando para que algo ruim aconteça, mas ninguém tem ideia do que será esse catalisador”, escreveu em nota aos clientes. “Pode ser um impasse no teto da dívida, temores bancários persistentes ou um consumo muito mais fraco à medida que a inflação persistente se torna mais perceptível.”
Na seara dos indicadores, o Departamento do Comércio informou que as vendas no varejo dos EUA subiram 0,4% em abril, abaixo da estimativa de crescimento de 0,8%.
“O ímpeto está se esgotando no núcleo das vendas no varejo e o consumo está em curso para um ganho muito modesto no segundo trimestre”, alertou Ian Shepherdson, economista-chefe da Pantheon Macroeconomics.
Ele afirmou também que a alta de 0,5% na produção industrial do país em abril “não diz nada sobre a tendência, que vai enfraquecer mais” à frente. Segundo Shepherdson, o dado da manufatura nos EUA foi fortemente influenciado pela alta de 9,3% na produção de automóveis, que apenas mascara uma tendência negativa.
Dados da China também decepcionaram. As vendas no varejo tiveram crescimento anual de 18,4% em abril e a produção industrial subiu 5,6% na mesma base de comparação. As expectativas eram de altas de 20,5% e 11,0%, respectivamente.
“A narrativa da reabertura da China respira com a ajuda de aparelhos já há algum tempo, e outra rodada de dados mais fracos que o esperado adiciona à nossa sensação de que a economia chinesa deve continuar a desapontar o otimismo prévio”, disse o vice-economista-chefe de mercados da Capital Economics, Jonas Goltermann.
Fonte: Valor Econômico

