O Morgan Stanley afirmou que emissores brasileiros provavelmente venderão um recorde de US$ 30 bilhões em títulos globais (global bonds) este ano, já que os mercados internacionais de dívida permanecem abertos mesmo diante do aumento das tarifas dos EUA.
“O mercado está realmente receptivo”, disse Gustavo Siqueira, cohead de fixed-income capital markets para a América Latina no Morgan Stanley, em entrevista. “O que está acontecendo do ponto de vista político e macrogeopolítico não mudou o apetite.”
Entidades governamentais, empresas e bancos brasileiros captaram US$ 22 bilhões nos mercados globais até agora neste ano, um aumento de 18% em relação ao mesmo período do ano passado, segundo dados compilados pela Bloomberg. Cerca de 70% das operações tiveram como objetivo rolar dívidas ou realizar liability management, e o restante foi new money [captação para novos recursos], segundo Siqueira.
“Não vejo as empresas fazendo muitos investimentos para crescimento neste momento, exceto aquelas com grandes projetos”, afirmou.
O Morgan Stanley esteve entre os coordenadores líderes de uma das maiores operações do ano: uma emissão de US$ 650 milhões em global bonds da Embraer SA, em fevereiro, com vencimento em 2035, segundo dados da Bloomberg. De acordo com a fabricante de aeronaves, os recursos serão usados para recomprar títulos com vencimento em 2027 e 2028.
A Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) foi uma das empresas que venderam global bonds para investimentos. Em julho, a companhia foi aos mercados internacionais pela primeira vez em 15 anos e levantou US$ 500 milhões para expandir sistemas de água e esgoto, melhorar a conservação ambiental e financiar obras estruturais, incluindo interligação de represas e reforço de redes para períodos de seca.
O Morgan Stanley também espera ver atividade em fusões e aquisições (M&A), nas quais empresas dos EUA, Europa e China estão tentando comprar “ativos troféu” que não estariam disponíveis em um ambiente menos volátil, segundo Fabio Medeiros, head de investment banking para o Brasil no Morgan Stanley.
“Há muita atividade onde o Brasil tem vantagens naturais, como agronegócio e recursos naturais, assim como em setores que exigem investimentos significativos, como saneamento”, disse Medeiros.
O Morgan Stanley esteve entre os bancos que assessoraram a fintech StoneCo Ltd. na venda da empresa de software Linx SA para a Totvs SA, em uma operação de 3 bilhões de reais (US$ 560 milhões) anunciada no mês passado.
Embora M&A e emissões de títulos externos permaneçam fortes, os mercados locais de dívida e ações estão mais lentos este ano, embora a expectativa seja de que as vendas ganhem força no segundo semestre. O total de emissões de ações chegou a 18,4 bilhões de reais, 28% abaixo do mesmo período de 2024, enquanto as vendas de títulos locais caíram quase 18%, para 233,7 bilhões de reais.
Alessandro Zema, Brazil country head e cohead de investment banking para a América Latina no Morgan Stanley, disse que houve um grande fluxo de recursos estrangeiros para ações brasileiras em maio e junho, e mais empresas procuraram o banco para discutir a realização de uma oferta pública inicial de ações (IPO).
Os fundos de índice (ETFs) brasileiros registraram entradas líquidas de US$ 506 milhões em maio e US$ 570 milhões em junho, segundo dados da Bloomberg, o maior volume desde 2019.
Os ganhos ocorreram apesar do aumento das tarifas pelos EUA, e o Morgan Stanley está otimista de que essa tendência continuará.
“Precisaremos esperar até setembro para ver como o mercado dos EUA estará se comportando”, disse Marcello Lo Re, head de equity capital markets para a América Latina no Morgan Stanley. Mas ele afirmou estar muito “construtivo” em relação às perspectivas até o fim de 2025 e início do próximo ano.
Fonte: Bloomberg
Traduzido via ChatGPT
