O banco central do Brasil provavelmente manterá sua taxa de juros inalterada, próxima à máxima de quase duas décadas, novamente nesta quarta-feira. Aos poucos, os investidores começam a aceitar a ideia de que o custo de empréstimo permanecerá nesse nível por ainda mais tempo no futuro do que inicialmente imaginavam.
A diretoria liderada por Gabriel Galipolo manterá a taxa básica Selic estável em 15% pela terceira reunião consecutiva após o fechamento dos mercados, de acordo com todos os economistas consultados pela Bloomberg. Para analistas que haviam projetado o início do afrouxamento já no fim deste ano ou no começo do próximo, a decisão coincide com um momento de reavaliação. A questão não é mais se os formuladores de política monetária vão esperar até 2026 para iniciar cortes de juros, mas sim por quanto tempo dentro do ano irão aguardar.
“Eles vão ser um pouco mais duros para garantir que a inflação permaneça sob controle”, disse Caio Megale, economista-chefe da XP Inc., que recentemente adiou sua aposta para o primeiro corte de janeiro para março. “Embora o banco central possa reconhecer que houve progresso, fará isso com cautela.”

Os observadores do Brasil estão apostando na estabilidade das taxas tanto hoje quanto no futuro próximo, enquanto as expectativas de inflação permanecem acima da meta de 3% e a economia perde fôlego lentamente. Quaisquer apostas em afrouxamento vêm sendo minadas por Galipolo e seus colegas de diretoria, que têm enfatizado nas últimas semanas que ainda se sentem desconfortáveis com a alta dos preços ao consumidor. Além disso, o governo está implementando programas sociais que podem impulsionar o gasto público.
O que diz a Bloomberg Economics
“Embora o banco central possa reconhecer alguma melhora marginal no cenário de inflação, o tom geral do comunicado pós-reunião permanecerá bastante hawkish. A maior dúvida é se abrirá caminho para um corte em dezembro. Os dados podem respaldar um, mas achamos que o banco central evitará sinalizar um corte até que a inflação esteja decisivamente dentro do intervalo da meta.”
O forte mercado de trabalho do Brasil ainda está sustentando a economia, com a criação de empregos formais superando as estimativas da maioria dos economistas em setembro, enquanto o desemprego está em mínima recorde de 5.6%.
Para Megale, da XP, o que preocupa para a inflação é o estímulo do governo. O presidente Luiz Inacio Lula da Silva expandiu recentemente um programa de auxílio estudantil e disse que impulsionará o mercado habitacional com crédito mais barato.
Ao mesmo tempo, Lula e aliados estão aumentando a pressão por cortes no custo de empréstimo, argumentando que a política monetária apertada está restringindo o crescimento de forma desnecessária. “Na minha opinião, já é hora de começar a pensar em mudar de curso”, sobre juros, disse o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, em entrevista publicada em 4 de nov.
Diante dessa pressão, “o banco central tem sido conservador e surpreendeu com sua postura mais hawkish”, disse Daniel Xavier, economista-chefe do Banco ABC Brasil SA, que espera que os cortes comecem no segundo trimestre de 2026.
Reconhecimento
O banco central do Brasil elevou os juros sete vezes consecutivas, em um ciclo que totalizou 4.5 pontos percentuais, antes de indicar em junho que fará uma pausa para observar os efeitos do ciclo sobre a alta do custo de vida.
Os preços ao consumidor subiram 4.94% em meados de outubro em relação a um ano antes, o menor nível desde o início de 2025. As expectativas de inflação de 2025 a 2028 recuaram ligeiramente no último mês, indicando que as perspectivas caminham na direção correta.
“O banco central precisará reconhecer algumas coisas em seu comunicado”, disse David Beker, economista-chefe para o Brasil do Bank of America Corp. “A inflação continua desacelerando, a taxa de câmbio se fortaleceu e há riscos potenciais para o mercado de crédito dadas as condições apertadas.”
Ainda assim, Beker concorda que os dirigentes não se desviarão de sua postura conservadora, dadas as leituras de preços ao consumidor. Os formuladores de política publicarão a decisão desta quarta-feira em seu site após 6:30 p.m. no horário local de Brasília, juntamente com um comunicado.
“O tom do comunicado deve permanecer firme, reforçando o compromisso com a convergência da inflação e postergando o início do ciclo de cortes de juros até meados de 2026”, disse Leonardo Costa, economista da ASA.
Fonte: Bloomberg
Traduzido via ChatGPT

