Bill Ackman baixou em até 90% sua meta de captação de recursos na oferta pública inicial (IPO, na sigla em inglês) de seu fundo de investimento americano Pershing Square USA, o que está muito abaixo do objetivo inicial de US$ 25 bilhões.
Em uma carta protocolada na Securities and Exchange Commission (a Comissão de Valores Mobiliários dos Estados Unidos), o bilionário gestor de fundos hedge disse que espera levantar entre US$ 2,5 bilhões e US$ 4 bilhões com o IPO, embora o valor total possa crescer para US$ 10 bilhões, dependendo do resultado das iniciativas do marketing nos próximos dias.
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Na quarta-feira, Ackman enviou uma carta aos investidores de sua holding, a Pershing Square, em que pede o envolvimento deles. “Este é um momento em que você pode ser muito útil para a Pershing Square, ao participar da oferta PSUS e fazer seu pedido aos bancos, e quanto mais cedo melhor”, escreveu ele.
Em uma atitude inusitada, a Pershing Square USA avisou que “rejeita especificamente” a declaração de Ackman, no informe protocolado que incluía a carta.
Até o momento, o fundo recebeu pedidos de vários investidores, entre eles o gestor de investimentos Baupost Group, com sede em Boston, e o Teacher Retirement System do Texas. Na carta, Ackman afirmou que uma empresa familiar com mais de US$ 65 bilhões em ativos, cujo nome não revelou, manifestou interesse em comprar o equivalente a quase 10% da transação definitiva.
Além dos investidores institucionais, Ackman também enfatizou o papel que os pequenos investidores dos EUA terão na oferta pública inicial e acrescentou que esperava que eles fossem uma “fonte enorme da demanda pós-mercado”.
A Pershing Square não quis fazer comentários.
Muitos fundos hedge tiveram dificuldades em captar recursos nos últimos anos, pois os investidores se voltaram para um grupo seleto de empresas multigestoras e para gestores de ativos alternativos que investem em infraestrutura e crédito privado.
Ackman tornou-se uma figura de destaque em plataformas como o X no ano passado e ganhou centenas de milhares de seguidores nas redes sociais ao criticar o presidente dos EUA, Joe Biden, e posteriormente endossar o candidato republicano à Presidência, Donald Trump.
Em apresentações para investidores neste mês, o bilionário mencionou seus seguidores nas redes sociais como um benefício em potencial para as ações do fundo americano quando ele passasse a ser negociado em bolsa.
Na quarta-feira, Ackman pressionou os investidores a entrarem em contato com os bancos que lideram o processo de abertura de capital do fundo — um grupo que inclui o Citigroup, o UBS, o Bank of America e o Jefferies — para fazer seus pedidos.
“Ficaríamos gratos se vocês participassem do IPO do PSUS e indicassem um pedido aos bancos o mais rápido possível”, afirmou ele.
O Pershing Square USA será um fundo fechado negociado na Bolsa de Valores de Nova York, e investirá em grandes ações negociadas em bolsas que Ackman e sua equipe acreditam que estão subavaliadas.
Em ocasiões anteriores, Ackman já disse a investidores que sua expectativa era que a empresa fosse negociada com um valor acima da média em comparação com seus ativos líquidos. O que pode ter sido uma resposta às possíveis preocupações dos investidores de que as ações fossem negociadas com um desconto persistente, como ocorre com seu veículo listado nas bolsas de Amsterdã e Londres, a Pershing Square Holdings.
Na carta de quarta-feira, Ackman afirmou que os investidores levantaram questões sobre a possibilidade de surgimento de um desconto.
“Há uma sensibilidade enorme em relação ao tamanho da transação”, escreveu ele.
“Particularmente à luz da novidade da estrutura e do histórico de negociação muito negativo dos fundos fechados, são necessários um voto de confiança significativo e, em última análise, uma análise e um julgamento cuidadosos para que os investidores reconheçam que este fundo fechado será negociado por um valor acima da média depois da IPO, quando muito poucos na história o fizeram.”
Ackman também disse que os investidores manifestaram preocupações sobre o risco do homem-chave, ou seja, de que a saúde da empresa de investimentos corra perigo se alguma coisa acontecer com ele, já que é uma pessoa chave na tomada de decisões.
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Fonte: Valor Econômico

