Bancos de investimento mundiais reduziram suas previsões para o crescimento econômico da China neste ano após resultados fracos no segundo trimestre divulgados na segunda-feira (15), aumentando a pressão sobre o presidente Xi Jinping para oferecer mais apoio econômico durante a terceira plenária, reunião de autoridades econômicas do Partido Comunista que acontece nesta semana.
O crescimento do produto interno bruto da China no trimestre de abril a junho desacelerou para 4,7% em relação ao ano anterior, ficando abaixo da alta de 5,3% de janeiro a março, assim como da previsão de crescimento de 5,1% feita por 30 economistas.
O Goldman Sachs, por exemplo, reduziu sua previsão de crescimento do PIB para a China em 2024 de 5,0% para 4,9%, embora tenha elevado sua previsão para 2025 de 4,2% para 4,3%.
“O crescimento do PIB da China no segundo trimestre ficou bem abaixo das expectativas do mercado, enquanto os dados de atividade de junho foram mistos”, disse o banco dos EUA em nota. “Este conjunto de dados destacou as contínuas e significativas divergências entre setores na economia – exportações e atividade manufatureira fortes, consumo de serviços relativamente estável (em termos de volume) e atividade imobiliária ainda baixa.”
A prolongada crise imobiliária do país colocou as construtoras em crise e continua a pesar na confiança do consumidor. Os preços de casas novas e usadas em 70 grandes cidades caíram em junho, na comparação com o mês anterior.
O banco Barclays, com sede no Reino Unido, também cortou sua previsão de crescimento para a China neste ano de 5,0% para 4,8%. “Após o crescimento recorde baixo do crédito e dados de inflação decepcionantes, o crescimento do PIB da China ficou muito aquém das expectativas”, disse a instituição financeira em nota.
O “People’s Daily”, jornal estatal chinês, classificou o desempenho econômico de “geralmente estável”. A maioria das manchetes na China focou no crescimento de 5% registrado nos primeiros seis meses do ano, em linha com a meta anual do governo de “cerca de 5%”.
Em declarações publicadas na internet juntamente com os números do PIB, um porta-voz do Escritório Nacional de Estatísticas da China disse que o PIB do segundo trimestre foi afetado por fatores de curto prazo, como clima extremo, chuva e inundações. Mas o porta-voz também reconheceu que “a insuficiência da demanda interna efetiva é mais proeminente”.
O banco australiano ANZ disse após os resultados do 2º tri na China que “o fraco PIB do segundo trimestre sugere que a meta oficial de 5% para 2024 não está garantida”. O ANZ manteve sua previsão de crescimento de 4,9% para a China este ano.
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O banco Nomura do Japão também manteve sua previsão, mas disse que não “tem uma visão otimista, já que o impulso de crescimento enfraqueceu devido à crise habitacional sustentada, mesmo com o crescimento das exportações acelerando no segundo trimestre”. O banco espera que o crescimento chinês desacelere para cerca de 4,2% na segunda metade do ano.
Os números mais fracos do que o esperado aumentam a importância da terceira plenária, uma reunião de centenas de líderes do Partido Comunista que começou nesta segunda-feira (15). Os documentos aprovados na reunião, que vai até quinta-feira (18), orientarão a direção política do país nos próximos anos.
Na segunda-feira, Xi apresentou um relatório de trabalho ao Comitê Central do partido, composto por cerca de 200 membros de alto escalão, segundo a agência de notícias estatal “Xinhua”. O conteúdo do relatório e outros detalhes do terceiro plenário não foram anunciados publicamente.
Fonte: Valor Econômico

