Por Fernanda Simas, Valor — São Paulo
30/06/2023 18h44 Atualizado há 2 dias
O Banco Central da Argentina tomou mais uma medida para tentar contornar a falta de reservas em dólares e anunciou que vai permitir que os bancos abram contas de clientes em yuan. O anúncio foi feito na noite de quinta-feira (29).
“O Banco Central da República Argentina incorporou o yuan como moeda aceita para depósitos em contas correntes e poupanças. As entidades financeiras estão, assim, habilitadas a abrir contas bancárias em yuans”, afirma o comunicado.
O economista Fausto Spotorno, diretor da Escola de Negócios da Universidad Argentina de La Empresa, afirma que a decisão resulta do fato de que boa parte da reserva do Banco Central do país é integrada pela moeda chinesa e deve facilitar a operação internacional de pagamentos. “Estão permitindo aos importadores que compram da China fazer as transações em yuans e a criação dessas contas facilita esse processo.”
Esse é mais um passo na incorporação da moeda chinesa ao mercado argentino. Segundo o Banco Central, vem na esteira da decisão da Comissão Nacional de Valores Mobiliários (CNV na sigla em espanhol) possibilitando a negociação de títulos em yuans.
Recentemente a China permitiu à Argentina usar mais da metade de uma linha de swap cambial de US$ 18 bilhões para apoiar o comércio entre os dois países. Eles têm um acordo bilateral de swap desde 2009, que foi concebido como um tipo de apólice de seguro para reforçar as reservas internacionais durante crises de liquidez.
Mais de 500 empresas argentinas pediram para pagar em yuans importações de produtos como eletrônicos, autopeças e equipamentos têxteis. Empresas de petróleo e mineração fizeram o mesmo pedido, segundo a agência alfandegária do país.
O governo argentino também autorizou o pagamento de importações na moeda chinesa equivalentes a US$ 2,9 bilhões, segundo o banco central argentino. Nos primeiros dez dias de junho, as transações em yuans no mercado de câmbio da Argentina totalizaram cerca de US$ 285 milhões, o dobro do número de maio inteiro.
A participação das transações usando a moeda chinesa no mercado de câmbio argentino atingiu o recorde diário de 28% nos últimos dias, comparado a 5% no mês passado, segundo dados da Mercado Abierto Electrônico, uma das maiores bolsas do país.
Nesta sexta-feira (30), o Banco Central usou yuans para pagar parte dos US$ 2,7 bilhões que devia ao Fundo Monetário Internacional (FMI), justamente pela falta de reservas em dólares.
Fonte: Valor Econômico
