O forte aumento do número de gestoras focadas em situações especiais, conhecidas também como “special sits”, terá um efeito positivo, que é o desenvolvimento do mercado secundário, mas também deve impactar negativamente o retorno das operações. A avaliação é de gestores especializados neste mercado que participaram do evento J.Safra Brazil Conference 2024, em São Paulo.
Atualmente, há quase 50 gestoras na mesma estratégia com R$ 15 bilhões de capital, disse Maurício Hazzan, diretor de investimentos do Safra. No ano passado, os recursos das casas somavam R$ 10 bilhões.
“O efeito positivo de um excesso de gestoras é a melhora do secundário, o que permite mais saídas”, explicou Alexandre Cruz, da Jive. Do lado negativo, é esperado que “o preço suba quando há essa corrida imediata” por ativos, afirmou.
Para Marcelo Hallack, da Prisma Capital, o crescimento da indústria é natural e mostra que houve “uma resposta mercadológica ao mercado que temos”. “Temos R$ 32 bilhões de litígios o ano, endividamento familiar alto e aumento do número de recuperações judiciais, além da confusão de regras do governo que geram infinitos litígios e precatórios. É quase que natural que tenha uma resposta à confusão que está posta no macro do Brasil”, disse.
Hallack acredita que, em breve, deve ocorrer uma depuração do mercado, “até porque montar e ter investimentos bons de forma sustentável é muito difícil”.
As gestoras de situações especiais investem não apenas em ativos considerados “estressados”, como empresas com dificuldades financeiras, mas também no financiamento de litígios, na compra de direitos hereditários e de créditos judiciais.
Daniel Goldberg, diretor de investimentos da Lumina Capital, disse que o aumento rápido do número de gestoras é ruim para o retorno, “mas bem menos ruim” se a classe de ativos em questão for o de disputas judiciais (“legal claim”). De maneira geral, ressaltou, o mercado de situações especiais “tem excesso de capital para a quantidade de oportunidades”.
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Fonte: Valor Econômico

