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A farmacêutica AstraZeneca, que ficou conhecida em todo o Brasil durante a pandemia de covid-19, está investindo para que as vacinas sejam parte relevante de seu portfólio. De acordo com o diretor-presidente da AstraZeneca Brasil, Olavo Correa, a fabricação dos imunizantes junto à Fiocruz no país foi uma operação pontual da companhia, em resposta à emergência global. O foco da farmacêutica está em medicamentos oncológicos, biofarmacêuticos e doenças raras.
“Nós temos bastante orgulho da forma que foi feita a produção da vacina. Estivemos próximos da Universidade de Oxford e tínhamos o objetivo de ajudar, tanto que comercializamos as doses a preço de custo”, afirmou o executivo.
Correa aponta que a companhia não era conhecida pelo público por medicamentos icônicos, ao contrário de concorrentes como a Pfizer, com o Viagra, ou mais recentemente a Novo Nordisk, com o Ozempic. “No início, eu tinha que repetir várias vezes o nome ‘AstraZeneca’ na portaria do condomínio porque ninguém sabia o que era”, diz.
A virada de chave veio em 2020, com a vacina CoviShield. Ao todo, a companhia distribuiu mais de 3 bilhões de doses em todo o mundo. Passada a emergência global, a AstraZeneca transferiu sua tecnologia de produção à Fiocruz e demais parceiros globais e deixou de atuar no mercado de imunizantes.
O tema, agora, voltou ao radar com a aquisição da biotech Icosavax, que desenvolve uma vacina conjugada pneumocócica e contra o vírus sincicial respiratório (VSR), causador da bronquiolite em recém-nascidos e idosos.
As doenças respiratórias também são prioridade da companhia no segmento de biofarmacêuticos, com medicamentos de combate à asma e doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC). O Sistema Único de Saúde (SUS) representa parte relevante das vendas.
O portfólio de vacinas e imunizantes representava 1% da receita da AstraZeneca ao final do primeiro semestre deste ano, de acordo com dados divulgados no último dia 29. O segmento está dentro da divisão de biofarmacêuticos, que soma 41% do faturamento. Já o portfólio de medicamentos oncológicos responde, sozinho, por 43% da receita. A AstraZeneca registrou receita de € 28,1 bilhões no segundo trimestre, alta de 9% no comparativo anual.
A companhia nasceu em 1999 a partir da fusão entre as farmacêuticas Astra e Zeneca, criando o terceiro maior grupo farmacêutico à época. A empresa está presente no Brasil desde então, com uma fábrica e um centro administrativo em Cotia (SP). A companhia também acaba de inaugurar um escritório na capital paulista, na avenida Chucri Zaidan, na zona sul da cidade.
O medicamento mais vendido no varejo farmacêutico nacional é o Forxiga, usado no tratamento da diabetes. Olavo Correa não revela a posição do Brasil dentre os mercados da companhia, mas afirma que as operações no país são “estratégicas”, especialmente devido ao volume de pesquisas clínicas realizadas aqui.
De acordo com o relatório de resultados do segundo trimestre, os mercados emergentes responderam por 28% do faturamento da companhia, dos quais 13% advindos exclusivamente da China. A participação da Europa nas receitas da farmacêutica ficou em 21%, enquanto os Estados Unidos são líderes, somando 43% da receita do primeiro semestre deste ano.
Fonte: Valor Econômico