Redes investem no apoio ao combate à fome e à pobreza
Por Lúcia Helena de Camargo — São Paulo
07/07/2023 05h03 Atualizado há 7 horas
O aspecto social tem ganhado relevância na pauta ESG. Um exemplo é a rede FarMelhor, fundada em 2011, que faturou R$ 550 milhões em 2022, cifra 32% superior ao resultado de 2021, e decidiu começar nas práticas ESG pelo aspecto social. Em maio deste ano firmou parceria com a instituição social Amigos do Bem, projeto social que atua há 30 anos no país no combate à fome e à miséria no sertão nordestino, passando a vender em suas mais de 250 farmácias castanhas de caju, sacolas ecológicas, bijuterias e ímãs de geladeira produzidos pela ONG.
O compromisso é destinar à entidade 100% dos recursos obtidos com a venda dos produtos, como ocorre na parceria da instituição com a rede Mania de Churrasco, que em 2022 repassou à Amigos do Bem R$ 40 mil pela venda de castanhas e outros R$ 270 mil arrecadados com a iniciativa “Mãozinhas” – na qual o consumidor compra por R$ 2 um adesivo personalizado em forma de mão.
Já para agir na área ambiental, a FarMelhor instalou coletores para descarte de medicamentos vencidos em 25% das lojas. “Nossa meta é fechar o ano com 50% de adesão das unidades à logística reversa”, diz Renan Reis, CEO da companhia.
A Amigos do Bem, que comanda projetos de saúde, educação, trabalho e renda, moradia e acesso à água potável, atende 150 mil pessoas de 300 povoados carentes de Alagoas, Ceará e Pernambuco, leva educação para mais de 10 mil crianças e gera 1.500 empregos diretos em 15 unidades produtivas (fábricas de beneficiamento de castanha e de doces, plantação de caju e oficinas de costura e de artesanato). “Estamos mudando a vida de milhares de pessoas, construindo um futuro diferente, com educação, trabalho e oportunidades. As parcerias são fundamentais para conseguirmos levar recursos a quem mais precisa”, diz Alcione Albanesi, presidente e fundadora da instituição.
O combate à pobreza, à fome e à desigualdade é também o negócio principal do G10 Favelas, organização fundada em 2019 que, atualmente, agrega 300 comunidades, entre elas a Rocinha (RJ), Heliópolis (SP), Paraisópolis (SP), Cidade de Deus (AM), Baixadas da Condor (PA), Baixadas da Estrada Nova Jurunas (PA), Casa Amarela (PE), Coroadinho (MA) e Sol Nascente (DF). O bloco movimenta mais de R$ 7 bilhões ao ano em negócios, que incluem iniciativas de geração de renda, aceleradora de empreendimentos, fomento ao comércio e microcrédito. E começa a ser formatada uma franquia social G10. Entre outras ações, desde o início da pandemia de covid, o bloco entregou mais de quatro milhões de cestas básicas. Mas os recursos estão mais escassos. “As doações sofreram queda de 96%, comparadas ao que recebíamos no auge da pandemia, enquanto a fila de pessoas que buscam alimento só está aumentado”, diz Gilson Rodrígues, presidente nacional da instituição.
E uma franquia que já nasceu com a vocação social associada ao coração dos negócios é a Vai Voando, que com 13 anos de fundação conta com 282 unidades franqueadas no país, com forte atuação na região Norte, além do eixo Rio-São Paulo. Com taxa de franquia de apenas R$ 2 mil, a maioria dos franqueados são moradores das próprias comunidades nas quais as lojas são abertas. “Muitos se formalizam como microempreendedores para atuar na franquia. O sistema é inclusivo, facilita a concessão do crédito, incentiva contratações de empregados que moram no local e os clientes são também pessoas da comunidade, que compram pacotes com parcelamentos mais longos e juros abaixo do mercado”, diz Luiz Andreaza, diretor executivo da Vai Voando.
Fonte: Valor Econômico