Por Lu Aiko Otta e Estevão Taiar — De Brasília
16/09/2022 05h01 Atualizado há 4 horas
A revisão para cima da estimativa de crescimento este ano, de 2% para 2,7%, se deve principalmente ao resultado do Produto Interno Bruto (PIB) do segundo trimestre, informa o Boletim MacroFiscal, divulgado nesta quinta-feira, 15, pelo Ministério da Economia. O crescimento de 1,2% na margem veio superior ao estimado. Os indicadores já divulgados do terceiro trimestre apontam para tendência positiva, diz ainda a nota. A alta foi influenciada também pelas projeções do emprego, do desempenho do setor de serviços e da elevação da taxa de investimento.
A publicação diz ainda que os riscos externos “devem ser monitorados” e destaca a desaceleração do crescimento global, além dos impactos da guerra na Ucrânia. “Nesse contexto adverso, houve uma revisão das taxas de crescimento dos países desenvolvidos e emergentes que ajudam a compor o cenário básico para a projeção da grade de parâmetros”, diz.
O governo cortou sua projeção de PIB nominal em R$ 64 bilhões, para R$ 9,7 trilhões em 2022, informa o boletim.
O Ministério da Economia projeta crescimento de 0,4% do PIB no terceiro trimestre em relação ao segundo e no cálculo com ajuste sazonal. Na divisão por setores, o Ministério da Economia projeta altas de 0,5% para a agropecuária e para a indústria e de 1,1% para os serviços, na mesma base de comparação.
O ritmo do crescimento da economia tem surpreendido a todos, inclusive o Ministério da Economia, disse o chefe da Assessoria Especial de Estudos Econômicos, Rogério Boueri. Os analistas de mercado, que começaram o ano com uma projeção mediana de 0,3%, já estão esperando 2,39%, com viés de alta.
A revisão de 2% para 2,7% se deve à pujança do mercado de trabalho, com criação de novos empregos, ao crescimento do setor de serviços e ao aumento dos investimentos, disse Boueri.
A redução das projeções de inflação se deve a resultados menores dos últimos meses, disse. “Também observamos certa estabilidade na inflação de serviços e alimentos”, acrescentou.
O governo cortou suas projeções para o IPCA, o INPC e IGP-DI este ano. Para 2023, foram mantidos os dados divulgados em julho. O corte na estimativa da variação do IPCA “pode implicar ou não” a revisão, igualmente para baixo, do teto de gastos fixado para o ano que vem, de R$ 1,8 trilhão, afirmou Boueri. Vai depender da decisão do relator do Projeto de Lei Orçamentária Anual (PLOA) de 2023, ele disse.
O teto de gastos consta da proposta orçamentária do ano que vem, que está em exame no Congresso Nacional. A regra do teto diz que seu valor é corrigido conforme a variação do IPCA no ano anterior. O valor será determinado pela variação do IPCA em 2022.
Boueri disse não ter cálculos sobre a redução, mas comentou, que, “numa conta de padeiro”, seria uma redução inferior a 1%.
O governo anunciou também um corte na projeção do INPC deste ano, de 7,4% para 6,54%.
A queda da taxa de desemprego foi puxada pelo aumento da população ocupada, disse há pouco o secretário de Política Econômica, Pedro Calhman.
Outro fator que explica a revisão, para cima, do crescimento, são os investimentos, que geram “ampliação da capacidade produtiva para o futuro”, disse. Em junho, a taxa atingiu 18,7%, ante 15,4% em junho de 2020.
Também entra nas explicações a a recuperação do setor de serviços, que “tem continuado bastante forte até o momento”, segundo comentou. Enquanto serviços e indústria tiveram crescimento no início do terceiro trimestre, o comércio teve redução, disse.
As condições financeiras restritivas (alta de juros) terão impacto máximo no segundo semestre de 2022, diminuindo no ano que vem, disse Calhman.
Ele destacou positivamente o comportamento de índices de confiança do consumidor de comércio e serviços no terceiro trimestre. O crescimento no setor de serviços acontece nos setores mais produtivos. Além disso, há crescimento do trabalho formal, mais produtivo do que informal.
Fonte: Valor Econômico

