A Arábia Saudita entrou em contato com o Irã para oferecer investimentos e maior cooperação com o país em troca de uma redução da tensão entre Israel e o Hamas, grupo terrorista apoiado por Teerã, segundo informou nesta quarta-feira (29) a agência de notícias “Bloomberg”.
O Irã tem uma relação estreita com grupos terroristas como Hamas e Hezbollah, que vem atacando Israel desde o início da guerra, no dia 7 de outubro. O movimento saudita visa influenciar o Irã a convencer grupos aliados a reduzirem os ataques contra Israel para a redução da tensão na região.
Segundo a “Bloomberg”, a proposta foi feita ao governo do Irã há duas semanas, quando o presidente iraniano, Ebrahim Raisi, se encontrou com o príncipe herdeiro saudita, Mohamed bin Salman durante uma cúpula sobre a situação da Faixa de Gaza que ocorreu em Riad.
O governo saudita teme que o conflito se torne regional e busca arrefecer os ânimos das partes envolvidas. Há também o receio que rebeldes Houthis, do Iêmen — outro grupo apoiado pelo Irã — ataque embarcações israelenses próximas da costa da Arábia Saudita.
Há duas semanas, o jornal britânico “Financial Times” informou que o ministro das Relações Exteriores do Irã, Hossein Amirabdollahian, comunicou aos EUA, por meio de canais reservados, que não quer uma disseminação ainda maior da guerra entre. Em entrevista, o diplomata disse, no entanto, um conflito regional poderia tornar-se inevitável caso os ataques israelenses à Faixa de Gaza continuem.
Nesta quarta-feira (29), o secretário de Estado dos EUA, Anthony Blinken, chegou a Tel Aviv para conversas com autoridades israelenses que deverão girar em torno de uma nova prorrogação da trégua entre Israel e Hamas.
Os dois lados estabeleceram na sexta-feira uma pausa nos combates, em troca da libertação gradual, por parte do Hamas, de reféns de Israel. A trégua — que também envolveu a libertação de prisioneiros palestinos por parte de Israel — iria até segunda-feira, mas foi prorrogada até a manhã de hoje. Uma nova extensão do cessar-fogo exigiria a libertação de mais reféns e a soltura de mais palestinos.
Na terça-feira (28), o Hamas já havia libertado 81 reféns — de um total aproximado de 240. Pelo balanço de terça, Israel havia soltado 150 palestinos que estavam em suas prisões. Nesta quarta-feira (29), o grupo palestino libertou mais 16 sequestrados e, em troca, Israel libertou outros 30 palestinos (16 deles menores de idade e 14 mulheres), afirmou o governo do Catar. Juntamente com o Egito, o governo do Catar tem atuado como mediador entre israelenses e lideranças do Hamas.
Em um cenário em que os bombardeios de Israel à Faixa de Gaza sejam retomados, o governo do presidente Joe Biden tem pressionado Israel a delimitar a restringir as zonas de combate a uma área do território palestino.
Os EUA também cobram do governo do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu que esclareça onde civis palestinos poderão se abrigar uma vez que os bambardeios israelenses voltem a atingir o sul da Faixa da Gaza.
Washington tem alertado para o risco de que a operação militar israelense no sul reproduza um quadro trágico de mortes de civis como o que se registrou no norte do território durante as primeiras semanas da guerra.
Os ataques israelenses começaram após a sangrenta operação do Hamas de outubro, que além dos 240 reféns, causou a morte de 1.200 pessoas em solo israelense. A resposta de Israel — que afirma que atua para matar os principais líderes do Hamas e destruir a capacidade bélica do grupo — já levou à morte de mais de 15 mil palestinos na Faixa de Gaza, grande parte das vítimas, mulheres e jovens civis.
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Prédios destruídos na Faixa de Gaza após ataques de Israel em retaliação ao Hamas — Foto: Fatima Shbair/AP
Fonte: Valor Econômico

