6 Sep 2022 D.A.
Os consumidores brasileiros planejam ampliar gastos com bens nos próximos meses, mas o aumento dos preços de alimentos é o principal obstáculo enfrentado pelo brasileiro para exercer esse seu desejo de consumo, segundo uma pesquisa da empresa de consultoria e auditoria PWC Brasil.
Apontada por 67% dos entrevistados, a inflação de alimentos obriga os consumidores a direcionar uma parte maior do orçamento doméstico para os itens essenciais, em detrimento dos supérfluos. O segundo e terceiro entraves às compras mais mencionados por consumidores foram questões relacionadas ao frete, como descumprimento de prazo (queixa registrada por 44% dos entrevistados), e demora na entrega (43% de citações).
“Isso começou em dezembro, e o mercado sentiu bastante isso: a troca de itens, sempre por produtos de menor valor agregado, de menor custo, até o consumidor ou parar de consumir o produto ou, então, ficar só com uma coisa, o valor dele reduzido”, afirmou Luciana Medeiros, sócia da PWC Brasil.
Os alimentos comprados em supermercados para consumo no domicílio acumularam um aumento de 17,37% nos 12 meses encerrados em agosto, segundo os dados do IPCA-15, apurado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Já o preço do óleo diesel, que afeta o custo do frete, apresentou uma elevação de 58,81% no período de um ano, de acordo com o IPCA-15.
Além da inflação de alimentos e de problemas na entrega, Luciana lembra que os consumidores também sentiram os impactos da desorganização da cadeia de suprimentos sobre a experiência de consumo em alguns segmentos, como a falta de produtos ou filas de espera, especialmente por automóveis e equipamentos eletrônicos. Segundo a empresa de consultoria e auditoria, ainda assim as perspectivas são positivas para o varejo no médio prazo. No Brasil, 70% dos entrevistados afirmaram terem aumentado suas compras online durante a pandemia, e 55% dos consumidores declararam que ampliarão ainda mais essas compras nos próximos seis meses, enquanto 36% esperam manter os níveis atuais. Um terço dos entrevistados (34%) planeja expandir seu consumo em lojas físicas, e 45% preveem manter o nível atual de consumo.
A ampliação de medidas de transferência de renda para a população deve beneficiar mais a aquisição de itens essenciais do que supérfluos, como o segmento de alimentos, avaliou Luciana. •
Fonte: O Estado de S. Paulo

