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Um eventual aumento da taxa Selic na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), em setembro, pode ter efeito nos planos de captação com dívida das companhias em 2025. A avaliação é de Alexandre Muller, sócio e responsável pela área de crédito da JGP Asset.
“É esperado um arrefecimento na demanda das empresas por crédito [com a alta da Selic], com o pessoal dando uma segurada em capex”, afirmou Muller durante painel na Conferência Anual do Santander.
Com um número menor de ofertas de debêntures na rua e a continuidade da entrada de recursos nos fundos de crédito, é provável que os spreads sejam ainda mais comprimidos, afirmou.
Atualmente, as taxas de remuneração estão mais baixas principalmente para os emissores frequentes. Por outro lado, empresas com “situações complexas de balanço” emitem papéis com um spread maior. “O mercado está mais disperso”, disse Muller.
Também no próximo ano, o mercado deve ver emissões de debêntures de infraestrutura. Os novos títulos foram criados no início de 2024, mas ainda não deslancharam devido a incertezas regulatórias.
“Acho que ainda falta uniformização em relação a vários ministérios. O que temos hoje de estrutura jurídica para esses papéis é um decreto que unifica as condições para o papel. Ele fala que não é necessária nenhuma portaria ministerial, mas o que acontece hoje é que, quando você olha os vários ministérios, cada um tem sua abordagem”, disse Renata Cardoso, sócia na área de direito bancário, operações financeiras e mercado de capitais do Lefosse, no mesmo painel.
Entre os ministérios, o de Minas e Energia é um dos mais avançados no estabelecimento de regras claras, mas outras pastas, como educação e saúde, não se manifestaram sobre os papéis.
Essas incertezas podem fazer com que companhias optem por emitir títulos que já têm um mercado consolidado. A Cosan, por exemplo, que acessa frequentemente o mercado de dívida, deve esperar a redução das incertezas para planejar uma captação com os títulos de infraestrutura.
“Nós vemos um momento bastante propício para operações, mas qualquer mínima incerteza desestimula a tomar risco”, disse Rodrigo Araujo, diretor financeiro da Cosan, ao ser questionado sobre o interesse nos novos papéis. “Já estamos vendo avanços e acho que é questão de tempo para o mercado digerir [as debêntures de infraestrutura].”
Fonte: Valor Econômico

