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A melhora mais rápida que o antecipado dos preços de alimentos in natura, em especial os produzidos no Rio Grande do Sul, ajudou a inflação a desacelerar mais intensamente que o esperado em junho. Para parte dos analistas, a surpresa positiva também ajuda a mitigar os efeitos do reajuste de combustíveis anunciado pela Petrobras no início da semana, e que devem impactar os preços de julho.
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) apresentou alta de 0,21% em junho, após subir 0,46% em maio. O resultado ficou abaixo do piso das projeções colhidas pelo Valor Data, de 0,21%, que tinha mediana em medianas das 0,32%.
Em 12 meses, o indicador aceleraou de 3,93% para 4,23% em junho. Já o acumulado do ano chegou a 2,48%. Em igual período de 2023, a inflação acumulada foi de 2,87%.
Sete das nove classes de despesas tiveram ritmo de altas menos intenso, com destaque para alimentação e bebidas (de 0,62% para 0,44%), habitação (de 0,67% para 0,25%), vestuário (de 0,50% para 0,02%) e transportes (de 0,44% para -0,19%). Já artigos artigos de residência (de -0,53% para 0,19%) e despesas pessoais (de 0,22% para 0,29%), aceleraram altas.
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“Cerca de 80% do erro em relação à nossa projeção foi explicada por uma desaceleração mais rápida que o esperado dos preços do grupo alimentação no domicílio”, diz o Barclays em relatório. “De fato, surpresas negativas foram observadas em produtos especialmente afetados pelas chuvas, como arroz, carnes, leite e alguns perecíveis.”
Outro destaque ficou com o comportamento dos preços na região metropolitana de Porto Alegre, que havia saltado 0,87% em maio, mês que ficou marcado pelas enchentes no estado, mas que apresentou deflação de 0,14% em junho. A região metropolitana de Porto Alegre tem peso de 8,61% no cálculo do IPCA geral.
“Vários itens como hortaliças, frutas e verduras trouxeram descompressão de preços. A reversão da alta era algo esperado, mas não com tanta força já em junho”, diz Bruno Imaizumi, economista da LCA Consultores.
A leitura bem menor que o esperado para junho deve ajudar a compensar, ao menos parcialmente, o efeito do reajuste da gasolina e GLP, avalia a economista para o Brasil do BNP Paribas, Laiz Carvalho.
Após o anúncio feito pela Petrobras, algumas casas passaram a incorporar uma alta de 0,20 ponto porcentual em sua projeção para o IPCA de 2024. “Quem pensava em ajustar de 4% para 4,20% o IPCA de 2024 pode acabar indo para 4,10%”, nota.
Não foi apenas a dinâmica de preço dos alimentos que veio melhor que o esperado. A inflação de serviços, acompanhada de perto pelo Banco Central, desacelerou na métrica de 12 meses de 5,09% para 4,49%, o menor nível desde setembro de 2021.
Segundo o gerente do IPCA, André Almeida, o movimento foi puxado pela queda dos preços de passagem aérea e pela alta menor de alimentação no domicílio. Grupo bastante volátil, as passagens registraram recuo de 9,88% em junho, após alta de 5,91% em maio.
Alexandre Lohmann, economista-chefe da Constância Investimentos, destaca ainda a desaceleração dos preços de bens industriais. Assim como os serviços, este grupo chegou a ensaiar um repique em maio, mas não viu continuidade do movimento.
O economista também avalia que o dado de junho ajuda a equilibrar ligeiramente o viés para a leitura de julho, que deve vir pressionado. “As coletas de preços indicam repasse já nos primeiros dias do reajuste da gasolina e teremos também o acionamento da bandeira amarela de energia elétrica, que encarece a tarifa”, lembra.
O dado também foi comemorado pela equipe econômica. “Há um cenário propício para que em breve, talvez no começo do próximo ano, nós retomemos um caminho de redução sustentada da taxa de juros”, afirmou o secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Guilherme Mello. (Colaborou Mariana Ribeiro, de São Paulo)
Fonte: Valor Econômico

