/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_63b422c2caee4269b8b34177e8876b93/internal_photos/bs/2025/3/c/uXA4gsSL2RwXYQfBImnw/30emp-100-ache-b4-img01.jpg)
Uma das mais tradicionais farmacêuticas brasileiras, o Aché Laboratórios espera crescer acima da média do mercado brasileiro nos próximos trimestres, com avanço de rentabilidade e uma fila de novos medicamentos aguardando aprovação. A farmacêutica avalia aquisições e é uma das interessadas na Medley, controlada pela multinacional francesa Sanofi.
A companhia está executando, desde 2023, um plano de transformação estratégico. O primeiro dos três ciclos já foi concluído, ao final de 2024. O foco era reduzir as despesas em relação à receita líquida, ajustar a estrutura organizacional e ganhar eficiência.
“Com isso, o nosso Ebitda [resultado antes de juros, impostos, depreciação e amortização] cresceu 35% e vamos dar outro salto em rentabilidade. Tivemos ganho de participação de mercado mesmo não tendo as moléculas de análogos do GLP-1 [utilizadas em canetas para tratamento de diabetes e obesidade]”, afirma o diretor-presidente da companhia, José Vicente Marino.
A maior participação de mercado da Aché, atualmente, está no portfólio de medicamentos para problemas alérgicos, respiratórios, cardiológicos e para sistema nervoso central.
De acordo com o executivo, tudo saiu conforme o planejado na primeira etapa de transformação. Uma das mudanças foi no modelo de visitações médicas, que passou a ser dividido em seis linhas. A equipe de quase dois mil profissionais ampliou as chamadas “visitações remotas”, em que entram em contato com médicos por videoconferências. O foco, agora, é consolidar esses avanços no segundo biênio da reestruturação. Até o ano que vem, a companhia deve ampliar a captura dos investimentos em ferramentas digitais, segundo o diretor-presidente.
A Aché também retomou os investimentos em pesquisa e desenvolvimento de novas moléculas. O percentual subiu de 2,5% para cerca de 6% da receita líquida da companhia, que somou R$ 2,65 bilhões ao final do primeiro semestre deste ano. O montante representa alta de 3,4% em relação ao faturamento do segundo trimestre de 2024. Já o lucro caiu 11,1% no comparativo anual, para R$ 335 milhões.
A fila de lançamentos da companhia conta com 54 produtos, a maioria de inovação incremental – ou seja, melhoria de versões de medicamentos já existentes. Um dos desafios para botar os lançamentos na rua, segundo a diretoria, é a longa fila de análise da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) – de acordo com Marino, o prazo para que a agência comece a analisar os pedidos varia de 12 a 36 meses.
A expectativa do setor é que a posse de três novos diretores na agência, no dia 11 de setembro, acelere os prazos para autorização de novos medicamentos. A Anvisa diz que inovação e tempo de análise, inclusive, são prioridades.
O plano prevê ações em sustentabilidade, incluindo a criação de um comitê. A companhia atingiu neutralidade das emissões diretas no escopo 1 (emissões diretas de gases de efeito estufa) e 2 (aquisição de energia elétrica).
O grupo não descarta crescer por meio de aquisições. Segundo Marino, é obrigação da companhia olhar os ativos da Medley, que foram colocados à venda pela Sanofi. A empresa está se desfazendo de ativos não estratégicos para focar em medicamentos inovadores.
Fonte: Valor Econômico