Por Lucinda Pinto — De São Paulo
06/10/2022 05h00 Atualizado há 4 horas
Após nove anos de fundação e R$ 25 bilhões sob gestão, a Absolute Investimentos decidiu dar mais um passo e incluir uma nova estratégia, agora na área de crédito privado. O movimento, visto como natural para uma gestora que tem forte atuação no segmento de ações, também responde ao ambiente mais favorável ao mercado de renda fixa corporativa e à aposta de que o crescimento desse segmento vai prosseguir.
Segundo Tiago Sant’Anna, sócio-fundador da Absolute, a gestora quer aproveitar a estrutura de análise corporativa montada para a estratégia de ações. “Estruturalmente, faz sentido ter a área de crédito”, afirma. Dessa forma, ele diz que avançar para a área de crédito é uma evolução natural.
Mas o momento do mercado é um estímulo adicional, sem dúvida, para esse movimento. O mercado de crédito teve um forte crescimento nos últimos dois anos, como resposta ao aumento da taxa Selic, de 2% para 13,75%.
Essa elevação da taxa provocou uma forte migração de recursos, antes alocados em ações, para a renda fixa. Para se ter uma ideia, o patrimônio líquido dos fundos de crédito privado listados no Guia de Fundos do Valor subiu de R$ 168 bilhões, em janeiro de 2021, para R$ 212 bilhões em setembro deste ano. O número de cotistas desses fundos cresceu 37%, para 1.130.
Ao mesmo tempo, as empresas aproveitaram a condição de baixa alavancagem e forte demanda, o que fez o número de emissões disparar. As condições muito favoráveis permitiram, inclusive, o surgimento de operações de volumes mais altos e prazos mais longos.
Como consequência dessa dinâmica favorável, o mercado secundário também tornou-se mais eficiente. E essa é a terceira variável que torna o momento adequado para a estratégia de crédito privado.
Para Sant’Anna, o fluxo para essa classe de ativos deve prosseguir ainda por um bom tempo, a despeito do fim do ciclo de alta de juros e da perspectiva de um corte da Selic no médio prazo – boa parte do mercado trabalha com um cenário de corte de juros a partir do segundo semestre de 2023, movimento que deve ocorrer de forma muito gradual.
Para comandar a área, a Absolute trouxe Paulo Bokel, executivo que montou a área de crédito da ARX Investimentos, com passagem também pelo Indosuez e pela Dasa. Além dele, foram trazidos Stefan Castro, Luigi Nunes e Marcelo Dilon.
A área de crédito terá uma família de quatro fundos: um com resgate em D+1; um D+30; fundo de previdência; e um com foco em debêntures incentivadas. “Depois podemos partir para uma estratégia de papéis ilíquidos, que teria resgate com prazo mais longo”, afirma Bokel.
Neste primeiro momento, os fundos serão abertos ao público em geral, e distribuídos em todas as plataformas de investimento. A estratégia será iniciada com capital próprio e a captação deve começar na segunda quinzena de outubro.
A Absolute foi fundada em 2013 com as estratégias macro, que hoje faz a gestão de R$ 22 bilhões, e arbitragem, que corresponde a R$ 1,7 bilhão. A estratégia de ações começou em 2019 e hoje tem R$ 1,7 bilhão.
Fonte: Valor Econômico

