Por Adriana Mattos, Valor — Campinas (SP)
19/09/2022 14h29 Atualizado há 12 horas
O empresário Abilio Diniz, acionista do Carrefour na operação global e no Brasil, disse nesta segunda-feira, em evento do setor supermercadista, que não importa quem seja o novo presidente da República, o país logo retornará à normalidade e a “tensão e euforia devem acabar”. Em sua opinião, na economia não há espaço para aventuras e guinadas.
“Qualquer que seja o presidente, um mês após eleição o país volta à normalidade. Após eleição, tensão e euforia vão acabar. Acho que não vamos sentir nada e após as eleições temos a Black Friday […] que ainda vai acontecer”, disse o empresário em evento do setor de supermercados, a Convenção Abras 2022.
“Na economia não há espaço para aventuras e grandes guinadas. Não vejo como ter guinadas. Nosso grande medo não é recessão, podemos ter dúvidas, mas aqui não é isso. Quem será o novo presidente? Na minha visão não vai acontecer nada. Nenhum presidente vai governar sem Congresso e temos instituições muito fortes. Não adianta imaginar que um ou outro presidente fará o que quiser”, afirmou.
O país, lembrou o empresário, “veio de uma recessão pesada em 2015. Começamos a recuperar e saímos de 2020 com 15 milhões de desempregados. Depois da pandemia reduzimos para 9 milhões. País entrou em 2021 e conseguimos crescer e em 2022 a pandemia arrefeceu.”
O empresário citou a crise de abastecimento de gás na Europa — o Carrefour, a maior varejista de alimentos do Brasil, tem sede na França e operação em várias partes do mundo. “O que acontece nos Estados Unidos são pessoas angustiadas com inverno e crise de energia. O gás subiu entre 6 e 7 vezes na Europa e não há suficiente para a população. Nos EUA agora conseguimos contratar gente, mas está faltando mão de obra. Está faltando gente nos restaurantes, nos hotéis, e uma falta extraordinária que veio dos benefícios dados. Economistas falaram que deram demais [benefícios] e a conta chegou”.
“Não tivemos uma distribuição tão grande [de benefícios] como os EUA, não temos nada dessa crise de pessoal que eles têm. Nossa questão é voltar a crescer. E o país não volta a crescer sem aumentar produtividade”, afirmou Abilio. Ele observou que “o Brasil pode não ser paraíso, mas cresceu em 2021”.
“No Brasil, se falamos em PIB negativo em 0,5% depois foi para positivo de 1% e agora se fala em 3%. Tem gente no Brasil que gosta de traçar expectativa ruim. Relação da dívida líquida e PIB caiu sobre 2019, não é confortável mas não é sufocante, não temos problemas fiscais sérios”. Ele citou o ministro da Economia, Paulo Guedes, que estará no evento nesta terça-feira. “Ele não é fácil, mas gosto da escola dele, a escola liberal, e merece grande carinho”.
O empresário foi perguntado por um supermercadista sobre o ativismo do Judiciário, mais especificamente do Supremo Tribunal Federal (STF). “Todo tipo de ativismo que fugir de forma coordenada de fazer coisas, e sem grandes pressões, pode ser feito. Empresa de capital aberto, por exemplo, sempre tem fundos ativistas. É normal. Mas não pode confundir com pressão. Não vejo problemas no Brasil nesse lado”.
Abilio comentou no evento a morte do filho João Paulo Diniz, há pouco mais de um mês: “É uma dor terrível, mas tem que seguir em frente. Não desejo a ninguém o que estou passando.”
Fonte: Valor Econômico

