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Após um agitado 2021, quando as empresas de saúde fecharam mais de 50 aquisições, o setor vem assistindo a um movimento de consolidação dos grupos consolidadores. Algumas companhias atingiram um tamanho tão relevante que aquisições menores passam a não fazer tanto sentido. É nesse cenário que ocorrem as possíveis negociações entre Rede D’Or e FleuryCotação de Fleury, líderes em seus respectivos mercados.
O Fleury já havia feito uma fusão com o Hermes Pardini, terceira maior rede de medicina diagnóstica. A Rede D’Or, por sua vez, adquiriu a SulAmérica e, mais recentemente, se associou à BradescoCotação de Bradesco Saúde para construção de hospitais em conjunto.
Além disso, Dasa e Amil também juntaram seus hospitais criando uma empresa com receita de R$ 10 bilhões por ano.
A transação que desencadeou essa corrida das companhias de saúde foi a fusão das operadoras HapvidaCotação de Hapvida e NotreDame Intermédica, em 2021. Juntas elas têm quase 16 milhões de usuários de planos de saúde e dental e uma rede com cerca de 90 hospitais.
“Essas empresas adquiram um tamanho tão relevante que aquisições menores não mexem ponteiro. Faz mais sentido buscar operações transformacionais. Não quer dizer que não vão mais comprar ativos menores, mas precisa agregar muito”, disse Denis Morante, sócio fundador da Fortezza, consultoria de fusões e aquisições.
Há ainda exemplos de grandes empresas se juntando em determinadas especialidades médicas. Esse é caso da BP (Beneficência Portuguesa), Fleury e Bradesco Saúde, que criaram uma rede de clínicas de oncologia, a Croma.
Morante lembra que a escala no setor de saúde é um ponto relevante tendo em vista os custos nesse mercado, que sobem de três a quatro vezes acima da inflação geral. Hospitais com menos de cem leitos, em geral, são deficitários, porque têm custos elevados com pessoal e infraestrutura médica. Uma operadora de pequeno porte pode “quebrar” se precisar cobrir muitos casos de pacientes que precisam medicamentos de alto custo e que, ao mesmo tempo, são a principal tendência entre as farmas. A legislação brasileira e a judicialização têm levado à cobertura dessas novas drogas.
As aquisições ocorrem num cenário em que os interesses dos jogadores de saúde são muito assimétricos. Ou seja, uma operadora de planos de saúde consegue melhores ganhos quando os hospitais e laboratórios realizam menos procedimentos e vice-versa. Essa assimetria levou à expansão dos modelos verticalizados, como o da Hapvida, que tem dentro de um mesmo grupo operadora e hospitais. Mas esse formato também é alvo de críticas pelo risco de o atendimento médico ser reduzido como forma de controlar custos. Não há toa, muitos usuários ainda preferem estar em operadoras sem rede própria.
Na combinação de negócios de grupos independentes, a SulAmérica desenvolveu planos de saúde em que parte relevante dos hospitais pertencem à Rede D’Or. A companhia da família Moll constantemente afirma que estar nas duas pontas — operadora e hospitais — possibilita ganhos constantes. Se o momento é uma epidemia, por exemplo, a operadora terá maior custo, mas é compensado pelo aumento de receita dos hospitais.
A possível aquisição do Fleury pela Rede D’Or é uma ampliação dos serviços prestados pela empresa da família Moll. O grupo já é dono de cerca de 80 hospitais, de uma ampla rede de clínicas de oncologia e da SulAmérica, que tem uma seguradora com 5,4 milhões de segurados de saúde e odontologia.
Segundo estimativas do Citi, uma possível união de Rede D’Or e Fleury poderia gerar R$ 2,5 bilhões em sinergias de custos e impostos, considerando o papel da Fleury a R$ 15,70. Os analistas do banco acreditam que a companhia combinada teria um múltiplo de 13 a 14 vezes o preço-lucro e que o Fleury não deve ser avaliado acima de 12 vezes.
Fonte: Valor Econômico