Indústria farmacêutica investe milhões em viagens, presentes e jantares para médicos no Brasil

A indústria farmacêutica gasta milhões de reais todo mês para bancar viagens, palestras e jantares de médicos no Brasil. Em alguns casos, paga até presentes para consultórios, como cadeiras, televisores e aparelhos de ar condicionado.

Em Minas Gerais, a indústria da saúde desembolsou cerca de R$ 200 milhões com médicos do estado entre 2017 e 2022. 70% do valor foi destinado a apenas 3% dos profissionais do estado. Dez médicos foram beneficiados com mais de R$ 1 milhão cada um.

O que é etarismo e por que o Brasil não está preparado para o envelhecimento da população

Etarismo – também chamado de idadismo ou ageísmo – é um conceito relativamente novo, principalmente no Brasil, onde o envelhecimento se deu com rapidez. Três décadas atrás, era considerado um país de jovens. Hoje, a população acima de 60 anos soma 35 milhões ou 15% do total (27% acima de 50), e cada vez mais a taxa de natalidade é baixa. Dois estados, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul, têm mais pessoas idosas do que crianças e adolescentes até 14 anos.

É necessária uma reforma educacional. “O que se precisa não é necessariamente multiplicar o número de geriatras, mas garantir que todos os profissionais de saúde, de enfermeiros a psicólogos, estejam preparados para atender pessoas velhas”, afirma Kalache. Áreas como a de cuidados paliativos, diz Cintra, ainda são especializações raras e recentes. A atuação do geriatra, contudo, é importante para a “orquestração” dos cuidados. “Os idosos não costumam se dar bem com a medicina segmentada e por isso precisam de um profissional que administre diferentes diagnósticos e medicamentos.”