A medida provisória das subvenções e o estoque de precatórios são gatilhos, a depender do que for encaminhado nos próximos dias e semanas, para analistas revisarem suas projeções de resultado primário do Brasil em 2024, em meio a ajustes que já refletem frustrações com a arrecadação.
A piora das projeções fiscais pelo governo federal para 2023, comunicada nesta semana, não altera substancialmente as estimativas dos economistas para o déficit no biênio, porque o mercado já incorporava boa parte das mudanças e a maior surpresa diz respeito à entrada de depósitos judiciais da Caixa, que, se não acontecer neste ano, ficará para 2024. Mas as novas projeções reforçam quão difícil será equilibrar as contas no próximo ano.
A expectativa mediana do mercado para o déficit do governo central no ano que vem aumentou em R$ 6 bilhões, para R$ 90,2 bilhões, no Prisma Fiscal de novembro, consulta do Ministério da Fazenda junto a instituições financeiras, consultorias e gestoras.
Em magnitude similar, a mediana do Focus, pesquisa do Banco Central com agentes econômicos, indica um déficit de 0,8% do PIB, mas há projeções que ultrapassam 1%, distanciando-se ainda mais da meta do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, de zerar o déficit em 2024. A pior projeção no Focus é de um rombo de 1,7% do PIB.