Os ratings da Eurofarma refletem seu forte perfil de negócios na defensiva indústria farmacêutica do Brasil, suportado por relevante posição competitiva, robusta geração de fluxo de caixa operacional (CFFO) e adequado fluxo de caixa livre (FCF) antes dos dividendos, ambos testados em diversos ambientes econômicos adversos. A internacionalização dos negócios da companhia, que atua em 22 países, é positiva e se reflete em aumento de escala e diversificação geográfica e de produtos, posicionando-a entre as principais empresas do setor. A estrutura de capital é historicamente conservadora. Um aumento moderado da alavancagem deve ocorrer em 2023, em razão das potenciais aquisições realizadas, com retorno aos patamares históricos a partir de 2024. A Perspectiva Estável do rating corporativo reflete a expectativa de que a Eurofarma continuará registrando robusta geração de caixa operacional e preservará sua estrutura de capital e sua liquidez em patamares conservadores nos próximos anos, mesmo diante de aquisições relevantes.
Expectativa de Melhora das Margens Operacionais: O crescimento esperado da receita, os lançamentos de produtos e as melhoras de eficiência devem sustentar o fortalecimento gradual das margens operacionais da Eurofarma, mesmo com os maiores investimentos em P&D. A expectativa é de margens de EBITDA próximas a 22% ou 23% nos próximos anos, frente à média de 19,7% nos últimos seis anos. O cenário-base da Fitch incorpora a manutenção da margem bruta e reajustes de preço médio (receita bruta sobre volume total) em torno de 5% a 6% nos próximos anos, além de crescimento anual do volume de vendas entre 10% e 15%, excluindo aquisições. O segmento de prescrição e genéricos possui elevada participação na geração de caixa da Eurofarma, e as vendas por produto não são concentradas. Em 2022, os vinte maiores clientes representavam aproximadamente 36% do total comercializado.
Geração de Caixa Robusta: A Eurofarma possui forte capacidade de gerar caixa, e a expectativa é de que reporte EBITDA de BRL2,2 bilhões e CFFO de BRL900 milhões em 2023 e BRL2,7 bilhões e BRL1,2 bilhão, respectivamente, em 2024, incluindo receita de BRL700 milhões a BRL800 milhões, proveniente das aquisições recentes. O FCF deve ser negativo em BRL150 milhões, impactado principalmente pelos elevados investimentos de BRL700 milhões no complexo industrial de Montes Claros, e os dividendos distribuídos devem ser mais baixos (BRL50 milhões). A partir de 2024, a redução de investimentos para cerca de BRL250 milhões a BRL350 milhões permitirá o retorno da geração de caixa livre a patamares positivos e mais condizentes com a classificação.
Estrutura de Capital Conservadora: A alavancagem da Eurofarma, medida pelo índice dívida líquida ajustada/EBITDA, ficou, em média, abaixo de 1,0 vez nos últimos cinco anos e atingiu 1,7 vez ao final de 2022. Este índice deve ficar próximo a 2,5 vezes ao longo de 2023, com expectativa de redução para menos de 2,0 vezes a partir de 2024, à medida que a empresa fortalece a sua geração de caixa operacional. Esta capacidade deve sustentar a estratégia de crescimento da Eurofarma nos próximos anos, financiada com um mix de geração de caixa própria e novas dívidas, com pressões gerenciáveis na estrutura de capital. A Fitch estima aumento da dívida bruta da companhia para BRL5,7 bilhões ao final de 2023, de BRL4,4 bilhões em março de 2023 e BRL3,7 bilhões ao final de 2022.
PRINCIPAIS PREMISSAS
As Principais Premissas da Fitch Para o Cenário de Rating da Eurofarma Incluem:
— Crescimento da receita de 25% em 2023 e de 20% em 2024;
— Investimentos anuais de BRL1,0 bilhão em 2023 e de BRL350 milhões a partir de 2024;
— Aquisições totalizando BRL2 bilhões em 2023;
— Novos financiamentos e emissões de dívida de BRL2,5 bilhões em 2023;
— Dividendos de BRL50 milhões em 2023 e de BRL240 milhões em 2024.