Brasileiros desenvolvem vacina contra crack e cocaína

A Calixcoca é uma das finalistas do Prêmio Euro de Inovação em Saúde – América Latina, da farmacêutica Eurofarma, que vai conceder 500 mil euros para o grande destaque desta edição. Outros 11 premiados também vão receber 50 mil euros para darem seguimento às suas pesquisas.
De acordo com Garcia, há pelo menos mais duas outras instituições desenvolvendo vacinas similares para o tratamento da dependência química – a John Cristal e a Georg Koob, ambas nos Estados Unidos. Os imunizantes, porém, não tiveram a mesma eficácia nas pesquisas com humanos, que se mostraram eficazes apenas para 25% dos pacientes, e atualmente, os pesquisadores americanos estão fazendo estudos com outra molécula.

E é justamente aí que está uma das inovações da Calixcoca. “A nossa molécula inova por ser uma plataforma não proteica, ou seja, uma molécula sintética. Isso, além de facilitar e baratear a produção, permite que a cadeia logística seja mais simples por não demandar cadeia fria”, afirma Garcia, que diz que já foi contatado por pesquisadores de outros países em busca de parcerias.

A plataforma utilizada pela vacina da UFMG também poderá ajudar no tratamento da dependência de outras drogas. “Já temos o projeto dessas vacinas para opioides e metanfetamina. Estamos na busca de recursos para podermos desenvolvê-las”, acrescenta.

Tecnologia garante evolução da medicina, mas expõe desigualdades no atendimento

Por um lado, novos medicamentos e diagnósticos cada vez mais precisos, apoiados por exames de imagem, estão aumentando a expectativa de vida mundial. Por outro, esse envelhecimento da população eleva a incidência de doenças crônicas e o número de consultas e internações, superlotando os hospitais e inflando os preços dos planos de saúde.

Embora muito bem-vinda, a evolução tecnológica sempre foi um fator de encarecimento dos custos hospitalares, até por estimular a realização de exames nem sempre necessários, nota o radiologista Giovanni Guido Cerri, professor da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP). “Hoje, a tecnologia também está viabilizando procedimentos médicos a distância, o que resulta em grande economia de tempo e dinheiro, além da disseminação da boa medicina. Quando o país tiver acesso total à internet móvel 5G será possível realizar cirurgias complexas com a participação de um médico especialista em São Paulo, orientando um colega no interior da Amazônia”, afirma Cerri, também presidente do InovaHC, o braço de inovação do Hospital das Clínicas de São Paulo. A instituição realiza por ano mais de 50 mil cirurgias e 230 mil atendimentos de urgência.

A corrida tecnológica no setor de saúde está mesmo em ritmo acelerado, aponta estudo da Strategy&, consultoria estratégica da PwC, que acaba de ser divulgado. De acordo com o documento, até o fim desta década o atendimento digital será tão corriqueiro quanto as compras on-line de hoje. Médicos conduzirão ensaios clínicos com pacientes remotos, e a inteligência artificial permitirá tratamentos hiperpersonalizados.

“O hospital do futuro será uma rede de ativos de entrega física e virtual conectada por um único sistema e recursos digitais, que permitirá o atendimento em comunidades, em casa ou em empresas, de acordo com a necessidade dos médicos e a preferência dos pacientes”, prevê Bruno Porto, sócio da consultoria.

Crise das operadoras atinge contas e planos de hospitais

Segundo a Anahp, as glosas (recusa nos pagamentos) subiram em média de 3,7% da receita líquida dos hospitais em 2021 para 4,5% em 2022. No mesmo período, o prazo médio de pagamento aumentou de 68,5 dias para 73,5 dias. “Os planos estão usando nosso fluxo de caixa para resolver o deles”, diz Britto. “Mas não adianta cada um só pensar em salvar a própria pele. Seria necessário buscar soluções envolvendo toda a cadeia de saúde, governo e Agência Nacional de Saúde Suplementar [ANS ]”.

Entre possíveis soluções para o futuro, Britto menciona a flexibilização dos planos, com opções de cobertura exclusivamente hospitalar ou ambulatorial. Outra opção são planos com franquia. O executivo também defende o modelo adotado em países da Europa, em que cabe a um médico de família encaminhar os pacientes a especialistas e hospitais. “Assim há alguém com todo o histórico do paciente, que pode ajudá-lo a não dar passos errados, como, de um lado, procurar hospitais para gripezinhas e, de outro, deixar de fazer exames preventivos, aumentando o risco de doenças futuras”.

A diretora-executiva da Federação Nacional da Saúde Suplementar (FenaSaúde), Vera Valente, concorda. “Precisamos de soluções que visem o uso racional dos recursos dos planos de saúde e promovam eficiência operacional”, diz. Segundo a entidade, entre 2021 e 2022, as receitas das operadoras cresceram 5,6%, enquanto as despesas aumentaram 11,1%. Neste cenário, o setor está no vermelho por sete trimestres consecutivos.

Centros de excelência reforçam estruturas de pesquisa e inovação

“Biotecnologia é um espaço a ser ocupado”, diz Rodrigo Demarchi, diretor executivo de inovação do Einstein. O tema tem sete incubadas e parcerias, de pesquisas translacionais (da bancada para a beira do leito) a editais. Um deles, com O Boticário, mira variação do olfato de usuárias de anticoncepcionais. Seu fundo de capital de risco investiu em dez startups desde 2021 e, em 2022, surgiu o Lab 5G, para avaliar casos como cirurgia remota e teleconsulta com apoio de internet das coisas (IoT).

No Hospital Sirio-Libanês, o Centro de Inovação criou produtos como a plataforma de relacionamento e telemedicina, hoje responsável por 60% das consultas da unidade de saúde populacional de clientes como Itaú e CBA. Outro é o algoritmo para reduzir impacto de não comparecimento em exames.

Em 2021 surgiu a Alma Sírio-Libanês, com R$ 200 milhões em investimentos até 2030, reunindo de áreas de tecnologia ao ecossistema externo. A incubada Sofya criou IA que transforma voz em texto para registro de dados de pacientes. “O tempo caiu 60% e a interação ficou mais humanizada”, diz Ailton Brandão, diretor de TI e inovação do hospital. A Wedoc traz aplicativo similar a rede social para médicos e estudantes de medicina.

IA generativa levanta dúvidas quanto à proteção de dados

O consenso ocorre em meio a uma corrida por ferramentas de IA nas empresas de saúde dos EUA. Elas já são vistas em chatbots de atendimento médico, sinistros de planos de seguros e até na transcrição automática de consultas. Os resultados, contudo, vêm suscitando questões sobre a ética embutida nessas aplicações. A Organização Mundial de Saúde (OMS) emitiu nota pedindo cautela no uso.

O poder dos chamados grandes modelos de linguagem seduz, porque profissionais de saúde atuam com uma quantidade avassaladora de dados a partir de testes, exames e prontuários. A cópia escrita da consulta via captura de áudio já está sendo fornecida pela Nuance Communications, subsidiária da Microsoft, a redes de saúde americanas. O principal entrave é o compartilhamento de dados confidenciais do paciente com as empresas de tecnologia, o que viola o princípio mais antigo da medicina: o sigilo do Juramento de Hipócrates.

“O médico perde, praticamente, 75% da consulta tomando notas do que está acontecendo com o paciente. A IA transforma em texto estruturado dentro do próprio prontuário, colocando os dados de uma cirurgia, por exemplo, no campo de cirurgias pregressas”, explica Gustavo Meirelles, médico radiologista e cofundador da startup DATALife, especializada em IA e que pretende adotar a generativa ainda neste ano. A companhia desenvolveu uma ferramenta que anonimiza dados dos clientes. Meirelles defende a regulação do uso dessas ferramentas.

O diretor de inovação da Rede D’Or, Fabio Andrade, diz ser reticente na implementação da IA generativa em seus hospitais. “Não acho que seja o Santo Graal da medicina. Pode ser uma ferramenta auxiliar, mas uma possível barreira é a Lei Geral de Proteção de Dados, que seguimos à risca. Não posso colocar informação gerada no Brasil, um dado médico, em um servidor de fora do país. Não está claro, com base no ChatGPT e outros, de quem é aquele dado”, argumenta.

“Internet das coisas médicas” atrai os cibercriminosos

Um ataque cibernético pode ter consequências variadas: no posto de gasolina, bombas podem parar; no supermercado, os caixas; na escola, perder o controle de presença dos alunos. Mas é na área de saúde em geral, principalmente em hospitais, que as consequências podem ser as mais cruéis. Sistemas informatizados contêm agendas de consultas, controle de medicamentos, de procedimentos, escalas de plantão, e redes conectam tomógrafos, bombas de medicamentos e outros dispositivos – inclusive elevadores – dos quais dependem saúde e vida de pacientes.

O ramo hospitalar é um dos que têm o mais elevado risco em cibersegurança, diz Thiago Bordini, líder de inteligência de ameaças na Axur, empresa que opera uma plataforma de proteção contra riscos digitais. Ele observa que, nos últimos anos, viu hospitais investirem em tecnologia, mas não o suficiente na segurança dessa tecnologia. “É um ambiente extremamente complexo, com todos os dispositivos conectados em rede. Nos últimos cinco anos, o ambiente hospitalar se tornou muito mais conectado. Não me lembro da última vez que eu fiz uma radiografia e recebi o filme – é tudo digital”, afirma.

Cibercriminosos têm interesse no alto volume de transações financeiras que hospitais fazem. Um golpe comum, lembra Bordini, é praticado contra pacientes e suas famílias por criminosos que se passam por representantes de hospitais e outras organizações de saúde. A Axur localizou, em março e abril de 2023, cinco vezes mais perfis falsos de empresas de saúde em redes sociais do que a soma de todas as outras áreas pesquisadas.

Abrafarma lança agenda legislativa para o varejo farmacêutico

Varejo farmacêutico ganha propostas em sete eixos temáticos

O varejo farmacêutico passou a ter um conjunto de propostas estruturadas em sete eixos temáticos – Farmácia Popular, Complexo Industrial da Saúde, Reforma Tributária, Assistência Farmacêutica, Serviços em farmácias, Recursos Humanos e MIPs (medicamentos isentos de prescrição).

Programa médico nas farmácias

As farmácias como estabelecimentos de saúde podem e devem contribuir para ampliar a assistência farmacêutica da população, o que endossa a ideia de implementar um programa médico nas lojas, com uso da telessaúde. “Autorizar essa prática no canal farma pode contribuir com a melhoria da saúde no Brasil, antecipando diagnósticos, ajudando na manutenção do tratamento e evitando a ruptura do tratamento”, acredita.

PL quer alerta em rótulos de medicamentos

A Comissão de Saúde da Câmara dos Deputados aprovou projeto de lei (PL) que obriga a colocação de alerta nos rótulos dos medicamentos. O objetivo é avisar quais os produtos que podem comprometer os reflexos ou funções cognitivas das pessoas, como ansiolíticos e antieméticos (que tratam de náuseas e vômitos). Hoje, essa informação só existe nas bulas. As informações são da Agência Câmara.

A proposta aprovada exige ainda alerta específico nos rótulos dos fármacos que afetam a capacidade para conduzir veículos ou operar máquinas e equipamentos. As medidas são inseridas na lei que trata da vigilância sanitária sobre produtos farmacêuticos (Lei 6.360/76).

Novo CFO na Hertz

Tem reforço no alto escalão da Hertz. Laercio Boni é o novo CFO da farmacêutica especialista em consumer health.

Foram 20 anos dedicados ao Grupo NC, sendo que desde 2020 ele ocupava a posição de gerente de controladoria e finanças. Também acumula longa experiência na área financeira da Faber Castell.